São Paulo, segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

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Situação nos rios do litoral é ruim desde 1999

Levantamento da Cetesb indica que nunca o índice médio de aprovação dos cursos d'água no litoral passou dos 30%

Na região, segundo técnico, há despejos clandestinos e existem redes sem coleta, além de algumas áreas sem tratamento de esgoto

Rodrigo Fiume - 28.dez.2008/Folha Imagem
Riacho em praia de Juqueí, em São Sebastião; 46% dos cursos d’água do município foram reprovados

EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

Os rios e riachos do litoral paulista continuam carregando muito esgoto doméstico para o Atlântico. Em 2009, 70% dos mais de 600 cursos d'água analisados pela Cetesb foram reprovados. Eles oferecem sérios riscos à saúde humana.
O levantamento do órgão ambiental paulista obtido pela Folha, que ainda será consolidado em um relatório que será divulgado em março, indica que a situação nos municípios litorâneos é ruim desde 1999 pelo menos.
Nunca o índice médio de aprovação passou dos 30%. Além do ano passado, isso ocorreu uma única vez, em 2005. A taxa inferior já bateu nos 20%.
"Temos muitas fontes de esgotos domésticos não tratados [no litoral]", afirma Nelson Menegon Jr., gerente da Divisão de Qualidade das Águas da Cetesb.
Segundo o técnico, nestes cursos d'água, ocorrem despejos clandestinos e existem redes sem coleta, além de áreas sem tratamento.
A estratégia da Cetesb, diz Menegon, é investir em políticas públicas e não na aplicação de multas, por exemplo. "É um caminho muito mais eficiente", afirma. "A Sabesp, por exemplo, está investindo R$ 1,2 bilhão no chamado Projeto Onda Limpa, no litoral", diz.
Uma das iniciativas do governo é exatamente em Santos, a maior cidade do litoral, que ficou em terceiro lugar no ranking de reprovações de 2009.
O índice de aprovação dos cursos d'água santistas é de 13% (e, em 2008, diz a Cetesb, havia sido 0%).
As duas piores cidades do litoral são Praia Grande e Mongaguá. Ambas tiveram 98% de seus córregos contaminados.
Fora da classificação isolada do ano passado, a comparação de 2009 com 2008 revela que a situação piorou bastante na cidade de Ilhabela.
O município teve 43% de aprovação no ano retrasado contra 32% no índice mais recente. Uma queda de 26%.
Caraguatatuba e Ubatuba também regrediram. Respectivamente em 7% e 6%.
"No caso de Santos, existe um projeto conjunto entre Estado e município para a limpeza de todos os canais da cidade e na identificação de ligações clandestinas", diz Menegon Jr.
As ações da Sabesp também atingem as demais cidades da Baixada Santista e o litoral norte. Em toda a região, um dos objetivos é banir um problema de saneamento histórico: a ligação muitas vezes direta do esgoto nas redes de água da chuva. O que é contra a lei.
A Cetesb não investiga todos os córregos do litoral. Ela faz um recorte técnico das análises. O número de cursos d'água varia nos municípios. Ele sai de 8, no caso de Santos, e vai até 156, no caso da Praia Grande.


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