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Pais e colégio divergem sobre novas diretrizes do ensino fundamental
Santa Cruz foi único a fazer adaptação da nova lei com série a mais no final
CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os alunos do colégio particular Santa Cruz, no Alto de Pinheiros, terminarão os estudos
um ano mais tarde que todos os
outros. A escola foi a única em
São Paulo que, ao adaptar o ensino fundamental de oito para
nove anos, criou um ano a mais
no final e não no começo.
O MEC (Ministério da Educação) estabeleceu em 2005
que as escolas ampliem o ensino fundamental até 2010. A nova lei determina que, em vez de
sete anos de idade, as crianças
comecem os estudos com seis
anos "completos ou a completar no início do ano."
As escolas que já se adaptaram -particulares porque a rede pública paulistana ainda não
fez a mudança- transformaram o antigo pré no novo 1º
ano, a antiga 1ª série em 2º ano
e assim por diante até que a 8ª
série seja o 9º e último ano. O
Santa Cruz, manteve o pré e
acrescentou outro ano no final.
Com isso, enquanto os estudantes das outras escolas continuarão concluindo o ensino
fundamental com cerca de 14
anos, os do Santa Cruz vão sair
com, em média, 15 anos.
Em 2006, quando a mudança
foi implantada, os alunos que
cursavam o pré 1 (anterior ao
pré), foram divididos em dois
grupos. Os que tinham cinco
anos e meio foram para o pré e
os com seis anos completos para o 1º ano.
"Achei péssimo, meu filho
perdeu todos os amigos", reclama a zootecnista Milene Andrade Miranda, 41, mãe de Gustavo, 7. "Ele era um dos melhores alunos e teve que fazer um
ano a mais." Apesar de "chateada", ela resolveu manter o filho
no colégio.
A diretora do ensino infantil
e do primeiro ciclo do fundamental do Santa Cruz, Cristine
Conforti, afirma que o objetivo
foi aumentar o período de estudos das crianças. Para ela, o
perfil das famílias que procuram o colégio permite que os
estudos se prolonguem. "A lei
veio ao encontro de um anseio
nosso de manter os alunos por
mais tempo, nos moldes do ensino canadense e europeu. Lamento pelas escolas que trocaram só o nome de uma série."
Neste ano, a polêmica voltou
com a abertura de 40 vagas para alunos de outros colégios.
Crianças que estavam no 3º
ano em outras escolas (antiga
2ª série) e passariam para o 4º
(antiga 3ª série), tiveram de
voltar para o 3º ano do Santa
Cruz. Sem se identificar, os pais
afirmam que foram convencidos de que, ali, o 3º ano era a 3ª
série, mas agora vêem os filhos
terem conteúdo repetido.
A diretora diz que o colégio
"não pediu novos alunos". "Todos nos procuraram. Temos
um programa muito sério."
Para o presidente do Sieeesp
(Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São
Paulo), José Augusto de Mattos, a escola está "em desacordo" com a nova lei. "Essa lei
veio para que as crianças das
escolas públicas comecem a estudar mais cedo. Para as particulares, só mudou o nome."
O Conselho Estadual de Educação de São Paulo também recomenda que o novo 1º ano seja
o antigo pré. O texto da deliberação diz que o 1º ano "deverá
manter sua identidade muito
mais próxima dos dois últimos
anos da educação infantil do
que do ensino fundamental".
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