São Paulo, segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

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Pais e colégio divergem sobre novas diretrizes do ensino fundamental

Santa Cruz foi único a fazer adaptação da nova lei com série a mais no final

CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os alunos do colégio particular Santa Cruz, no Alto de Pinheiros, terminarão os estudos um ano mais tarde que todos os outros. A escola foi a única em São Paulo que, ao adaptar o ensino fundamental de oito para nove anos, criou um ano a mais no final e não no começo.
O MEC (Ministério da Educação) estabeleceu em 2005 que as escolas ampliem o ensino fundamental até 2010. A nova lei determina que, em vez de sete anos de idade, as crianças comecem os estudos com seis anos "completos ou a completar no início do ano."
As escolas que já se adaptaram -particulares porque a rede pública paulistana ainda não fez a mudança- transformaram o antigo pré no novo 1º ano, a antiga 1ª série em 2º ano e assim por diante até que a 8ª série seja o 9º e último ano. O Santa Cruz, manteve o pré e acrescentou outro ano no final. Com isso, enquanto os estudantes das outras escolas continuarão concluindo o ensino fundamental com cerca de 14 anos, os do Santa Cruz vão sair com, em média, 15 anos.
Em 2006, quando a mudança foi implantada, os alunos que cursavam o pré 1 (anterior ao pré), foram divididos em dois grupos. Os que tinham cinco anos e meio foram para o pré e os com seis anos completos para o 1º ano.
"Achei péssimo, meu filho perdeu todos os amigos", reclama a zootecnista Milene Andrade Miranda, 41, mãe de Gustavo, 7. "Ele era um dos melhores alunos e teve que fazer um ano a mais." Apesar de "chateada", ela resolveu manter o filho no colégio.
A diretora do ensino infantil e do primeiro ciclo do fundamental do Santa Cruz, Cristine Conforti, afirma que o objetivo foi aumentar o período de estudos das crianças. Para ela, o perfil das famílias que procuram o colégio permite que os estudos se prolonguem. "A lei veio ao encontro de um anseio nosso de manter os alunos por mais tempo, nos moldes do ensino canadense e europeu. Lamento pelas escolas que trocaram só o nome de uma série."
Neste ano, a polêmica voltou com a abertura de 40 vagas para alunos de outros colégios. Crianças que estavam no 3º ano em outras escolas (antiga 2ª série) e passariam para o 4º (antiga 3ª série), tiveram de voltar para o 3º ano do Santa Cruz. Sem se identificar, os pais afirmam que foram convencidos de que, ali, o 3º ano era a 3ª série, mas agora vêem os filhos terem conteúdo repetido.
A diretora diz que o colégio "não pediu novos alunos". "Todos nos procuraram. Temos um programa muito sério."
Para o presidente do Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo), José Augusto de Mattos, a escola está "em desacordo" com a nova lei. "Essa lei veio para que as crianças das escolas públicas comecem a estudar mais cedo. Para as particulares, só mudou o nome."
O Conselho Estadual de Educação de São Paulo também recomenda que o novo 1º ano seja o antigo pré. O texto da deliberação diz que o 1º ano "deverá manter sua identidade muito mais próxima dos dois últimos anos da educação infantil do que do ensino fundamental".


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