São Paulo, quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

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São Paulo

Mocidade Alegre é campeã pela sétima vez

Escola superou a Vai-Vai -vencedora em 2008- por apenas meio ponto, repetindo a disputa acirrada do ano passado

Unidos do Peruche e Nenê de Vila Matilde foram rebaixadas, dando espaço para Águia de Ouro e Imperador do Ipiranga

Zanone Fraissat/ Folha Imagem
Festa na quadra da Mocidade Alegre, campeã do Carnaval de 2009 em SP após superar a Vai-Vai por meio ponto; entre as novidades da escola neste ano estava a bateria em forma de coração flechado

DANIEL BERGAMASCO
ESTÊVÃO BERTONI

DA REPORTAGEM LOCAL

Com um desfile luxuoso sobre o coração, a Mocidade Alegre foi a campeã do Carnaval de São Paulo deste ano após superar a Vai-Vai por apenas meio ponto. As duas escolas, assim, repetiram a disputa voto a voto do ano passado, quando a segunda venceu no desempate pela nota de "harmonia".
A vitoriosa deste ano fez um desfile perto da perfeição técnica, com 359,25 pontos em 360 possíveis. Só perdeu o primeiro dez no penúltimo quesito, "evolução", no qual tirou 9,75 duas vezes. O último jurado de "alegoria" também penalizou a escola com 0,25 ponto, mas evitou o empate ao tirar meio ponto da Vai-Vai. Foi a sétima vitória da Mocidade no Grupo Especial -a mais recente havia acontecido em 2007. Terceira escola a desfilar no sábado, era tida como uma das favoritas pelo enredo "Da Chama da Razão ao Palco das Emoções... Sou Máquina, Sou Vida... Sou Coração Pulsando Forte na Avenida!!!".
Entre outras surpresas, a equipe de bateria tomou forma de um coração flechado. "Só ensaiei a coreografia 15 dias antes do desfile para evitar espiões", contou Marcos Rezende, o mestre Sombra. Rezende assistiu à apuração abraçado a Solange Bichara, presidente da escola, que tinha nas mãos um terço enrolado a uma corrente com o brasão da Mocidade. "O coração não é só o tema da nossa escola. Ele está a mil e mostra que a força da união faz uma escola ser campeã", disse ela após o resultado.
Na leitura das notas, como de costume, ela rezava e sussurrava: "Dez, dez, dez!".
Na mesa ao lado, diretores da Vai-Vai faziam mais barulho a cada boa nota. O grupo mais exaltado era o da Império de Casa Verde, que acabou em quinto lugar (356,50), atrás da Rosas de Ouro (358,25) e da Gaviões da Fiel (358).
Um integrante da Casa Verde jogou uma cadeira em direção ao palco do Sambódromo. Ao microfone para receber o troféu de quinto colocado do prefeito Gilberto Kassab (DEM), o diretor Junior Marques disse que a organização do Carnaval pela Liga e pela Superliga é "menos do que amadora".
Superliga é uma dissidência da Liga das Escolas de Samba de São Paulo, formada em novembro por seis das 14 escolas do Grupo Especial e algumas do Grupo de Acesso. As decisões sobre o Carnaval são feitas em acordo com as duas.
A Unidos do Peruche e a Nenê de Vila Matilde foram rebaixadas ao Grupo de Acesso. Já a Águia de Ouro e a Imperador do Ipiranga, primeira e segunda colocadas nessa categoria, desfilarão pelo Grupo Especial no ano que vem.

Susto
A festa da Mocidade Alegre, no fim da tarde de ontem, foi antecedida por um pequeno susto na quadra da escola, na zona norte da capital. Juarez da Cruz, 78, um dos fundadores e presidente de honra da escola, passou mal durante a apuração e chegou a desmaiar. Uma ambulância levou Juarez à Santa Casa, segundo a presidente da escola, onde ele recebeu atendimento médico.
A avenida onde fica a quadra foi tomada por uma multidão -a maioria não conseguiu entrar. Houve empurra-empurra. A PM estimou que 6.000 pessoas estavam na via. De acordo com Solange Bichara, o barracão comporta 3.000 pessoas. Por volta das 19h10, o troféu de campeã chegou ao galpão -e, por volta das 20h, a bateria da escola ocupou a avenida.
Ao ser questionada sobre quanto foi investido no Carnaval deste ano, Solange respondeu: "Não sei, ainda não fiz a conta". E brincou: "Vocês adoram perguntar sobre dinheiro. Não têm nenhum pra mim?".


Colaborou ALESSANDRA BALLES , da Redação


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