São Paulo, quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

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Equipamento que fez lago secar tinha inspeção eventual

CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), disse ontem que o desgaste do material pode ser a causa do acidente que secou anteontem o lago do parque da Aclimação.
"Pode não ser a chuva, pode ser o tempo de vida útil do equipamento, que chegou ao fim", afirmou Kassab, que esteve na manhã de ontem no local.
Apesar disso, de acordo com a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, desde ao menos 1939, quando o parque da zona sul passou a ser gerido pela prefeitura, a estrutura que rompeu e sugou os 78 milhões de litros d'água do lago não é reformada.
Segundo Hélio Neves, chefe-de-gabinete da secretaria do verde, a prefeitura fazia vistorias eventuais e não havia motivos para reformá-la.
"Toda vez que, por alguma razão, caía um galho, alguém entrava lá para tirar. Nunca ninguém percebeu uma fissura ou problema na estrutura", afirmou Neves.
A estrutura em questão é o vertedouro, que controla o nível da água e impede que o lago transborde. Com a chuva forte, a base de concreto desse vertedouro, construído ao redor de quatro pilastras, cedeu.
"Não havia motivo para trocar o vertedouro. Ninguém nunca apontou necessidade de trocá-lo, nunca foi percebido como algo necessário", declarou o chefe-de-gabinete.
Ele, no entanto, não soube informar quando foi feita a última vistoria nem quem a fez.
Segundo a prefeitura, o lago deve estar em situação normal num prazo de seis semanas. "Espero que seja rápida a recuperação do vertedouro. E espero que em quatro a seis semanas a gente tenha o lago cheio de novo", afirmou Neves.
Uma empresa privada deverá ser contratada emergencialmente para avaliar o estrago e apurar as causas do acidente.

Hipóteses
Além das nascentes naturais, o lago recebe parte da água do córrego Pedra Azul, que é despejada no local após tratamento. Quando o nível da água sobe demais, ela vaza pela abertura superior do vertedouro e é despejada de novo no córrego.
Os técnicos da prefeitura deram ontem à Folha duas hipóteses para o rompimento da base da estrutura.
Na primeira, o concreto da base teria se rompido com a pressão externa da água. Na segunda, teria havido uma sobrecarga da galeria para onde a água do lago é levada (córrego Pedra Azul) e ela teria voltado, causando uma pressão interna e o consequente rompimento.
O lago ficou seco em cerca de 50 minutos. Peixes de várias espécies, tartarugas e cágados foram dragados canal a dentro.
O córrego Pedra Azul desemboca do rio Tamanduateí, que por sua vez deságua no Tietê.
Frequentadores do parque disseram à Folha terem visto aves aquáticas sendo sugadas pela água. A secretaria nega que alguma ave tenha morrido.
A pasta diz que os 21 gansos, os 4 patos, o marreco, um cisnes negro, além de peixes, foram levados para um centro veterinário localizado no parque Ibirapuera.
A reportagem esteve no local na tarde de ontem, mas não foi autorizada a ver os animais.


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