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Equipamento que fez lago secar tinha inspeção eventual
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), disse ontem que o desgaste do material
pode ser a causa do acidente
que secou anteontem o lago do
parque da Aclimação.
"Pode não ser a chuva, pode
ser o tempo de vida útil do equipamento, que chegou ao fim",
afirmou Kassab, que esteve na
manhã de ontem no local.
Apesar disso, de acordo com
a Secretaria do Verde e do Meio
Ambiente, desde ao menos
1939, quando o parque da zona
sul passou a ser gerido pela prefeitura, a estrutura que rompeu
e sugou os 78 milhões de litros
d'água do lago não é reformada.
Segundo Hélio Neves, chefe-de-gabinete da secretaria do
verde, a prefeitura fazia vistorias eventuais e não havia motivos para reformá-la.
"Toda vez que, por alguma
razão, caía um galho, alguém
entrava lá para tirar. Nunca
ninguém percebeu uma fissura
ou problema na estrutura",
afirmou Neves.
A estrutura em questão é o
vertedouro, que controla o nível da água e impede que o lago
transborde. Com a chuva forte,
a base de concreto desse vertedouro, construído ao redor de
quatro pilastras, cedeu.
"Não havia motivo para trocar o vertedouro. Ninguém
nunca apontou necessidade de
trocá-lo, nunca foi percebido
como algo necessário", declarou o chefe-de-gabinete.
Ele, no entanto, não soube
informar quando foi feita a última vistoria nem quem a fez.
Segundo a prefeitura, o lago
deve estar em situação normal
num prazo de seis semanas.
"Espero que seja rápida a recuperação do vertedouro. E espero que em quatro a seis semanas a gente tenha o lago cheio
de novo", afirmou Neves.
Uma empresa privada deverá
ser contratada emergencialmente para avaliar o estrago e
apurar as causas do acidente.
Hipóteses
Além das nascentes naturais,
o lago recebe parte da água do
córrego Pedra Azul, que é despejada no local após tratamento. Quando o nível da água sobe
demais, ela vaza pela abertura
superior do vertedouro e é despejada de novo no córrego.
Os técnicos da prefeitura deram ontem à Folha duas hipóteses para o rompimento da
base da estrutura.
Na primeira, o concreto da
base teria se rompido com a
pressão externa da água. Na segunda, teria havido uma sobrecarga da galeria para onde a
água do lago é levada (córrego
Pedra Azul) e ela teria voltado,
causando uma pressão interna
e o consequente rompimento.
O lago ficou seco em cerca de
50 minutos. Peixes de várias
espécies, tartarugas e cágados
foram dragados canal a dentro.
O córrego Pedra Azul desemboca do rio Tamanduateí, que
por sua vez deságua no Tietê.
Frequentadores do parque
disseram à Folha terem visto
aves aquáticas sendo sugadas
pela água. A secretaria nega
que alguma ave tenha morrido.
A pasta diz que os 21 gansos,
os 4 patos, o marreco, um cisnes negro, além de peixes, foram levados para um centro veterinário localizado no parque
Ibirapuera.
A reportagem esteve no local
na tarde de ontem, mas não foi
autorizada a ver os animais.
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