São Paulo, quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

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Engravatados fazem arrastão no Morumbi

Quinze homens, sem capuz e com radiocomunicadores, levaram dinheiro e joias; moradores e funcionários foram rendidos

Condomínio de casas é protegido por muro alto e cancelas em ruas de acesso; os assaltantes se passaram por repórteres de rádio

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Entrada de condomínio de luxo no Morumbi (zona oeste), onde moradores foram feitos reféns durante arrastão na manhã de ontem

AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de homens vestindo terno e gravata fez, na manhã de ontem, um arrastão em condomínio na região do Morumbi (na zona oeste de SP) que é protegido por câmeras, muro alto e duas cancelas em sua rua de acesso.
Era perto das 7h quando os três primeiros assaltantes se apresentaram à portaria do residencial como repórteres da rádio Jovem Pan e disseram ter entrevista agendada com um morador do local.
Quando o portão foi aberto, os outros 12 membros do grupo, armados com pistolas e fuzis, entraram, renderam o porteiro e iniciaram o arrastão. Nenhum deles usava capuz.
Segundo a polícia, os ladrões roubaram quatro casas e levaram dinheiro (reais e dólares), joias, iPods, relógios, celulares, entre outros itens.
A escolha das vítimas era aleatória. De dentro da guarita dos vigilantes, o grupo -que falava por radiocomunicadores- esperava as empregadas domésticas entrarem no condomínio e as obrigava a levá-lo às casas em que trabalhavam.
"Só rendiam quem chegava. Quem saía não tinha problema. Tanto que, quando eu saí, perto das 8h, não vi nenhuma movimentação nem fui abordado", relata um morador.
"Teve uma vizinha que se apavorou e começou a gritar.
Sei que ela apanhou e foi amordaçada", diz outro morador. A polícia não confirma a agressão. Porém, testemunhas disseram à Folha que ao menos duas mulheres foram feridas.
Depois de ficarem até as 8h30 no local, os ladrões fugiram em três carros, passando normalmente por duas cancelas nas ruas de acesso ao condomínio. Antes, roubaram a CPU onde ficavam armazenadas as imagens captadas pelas câmeras de monitoramento.
A polícia pediu a moradores de casas vizinhas os registros de suas câmeras de vigilância para identificar os ladrões. Até a noite de ontem, ninguém havia sido preso.

Segurança
O condomínio tem 25 casas, que custam em média R$ 500 mil, mas só dez estão ocupadas.
É um dos residenciais de classe alta e média alta na vizinhança da favela de Paraisópolis, da qual é separado por um muro.
Neste ano, ocorreram ao menos 14 roubos a condomínios no Estado de SP, conforme os registros da Polícia Civil. Em todo o ano passado, foram 51, sendo 36 na capital.
Roubos estão entre os crimes que mais crescem no Estado.
Entre 2008 e 2009, o aumento foi de 17,9% (em dados gerais, incluindo os residenciais).


Colaborou ANDRÉ CARAMANTE , da Reportagem Local


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