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Médicos brigam em parto e bebê nasce morto
Polícia vai apurar se confusão contribuiu para a morte; pré-natal não indicava problemas, diz delegado
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
Dois médicos de um hospital
público de Ivinhema (MS) trocaram socos durante o trabalho
de parto, o que atrasou o procedimento em cerca de uma hora
e meia. Em estado de choque, a
gestante foi encaminhada para
uma cesariana de emergência,
mas o bebê nasceu morto.
A polícia abriu inquérito para
apurar se a confusão, ocorrida
na terça-feira, na sala de parto
contribuiu para a morte. A cesariana foi feita por um terceiro
médico. Segundo o delegado
Lupersio Lúcio, os exames pré-natais de Gislaine Santana, 32,
não indicavam problemas. O
marido de Gislaine, Gilberto
Melo Cabreira, disse que, "até o
momento do parto, minha filha
estava muito saudável."
A confusão ocorreu no plantão do médico Sinomar Ricardo. Ao chegar ao hospital para o
parto, Gislaine estava com o
médico Orozimbo Oliveira Neto, que trabalha no mesmo hospital e fizera todo o acompanhamento pré-natal.
Quando Neto já havia começado o procedimento na sala de
parto, Ricardo interrompeu o
processo, segundo o delegado,
por entender que ele é que deveria conduzir os partos durante o seu plantão.
"Aí, foi pancadaria mesmo.
Chegaram a rolar no chão. E
minha mulher gritava para que
parassem", disse o marido. Ele
afirmou que, durante a briga, a
porta da sala ficou aberta. "Minha mulher ficou exposta, nua,
para todo o hospital."
Segundo ele, Gislaine faria
parto normal e, pouco antes da briga entre os dois médicos, havia recebido uma dose de
um medicamento que induz as
contrações e a dilatação.
Após a briga, Cabreira disse
que ela ficou em estado de choque. "Ela estava chorando muito e ficava repetindo que não
queria mais o parto normal."
Ontem, a Secretaria Municipal da Saúde anunciou que os
médicos foram dispensados.
Gislaine recebeu alta do hospital na tarde de ontem e se disse "muito abalada emocionalmente". A Folha não conseguiu localizar ontem os médicos envolvidos.
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