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Escola técnica de referência na zona leste fica sem aulas
Parte da carga horária foi afetada após prefeitura dispensar 13 dos 32 professores
Instituição, com 1.200 alunos, é a única escola técnica pública da cidade com especialização
em áreas da saúde
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Os 1.200 estudantes da Escola Técnica de Saúde Pública
Professor Makiguti, administrada por uma fundação municipal subordinada à gestão Gilberto Kassab (DEM), começaram o ano letivo há quase um
mês, mas estão sem boa parte
das aulas.
Dos 32 professores da escola,
13 (41%) foram dispensados no
fim de 2009, e a Secretaria Municipal de Gestão, responsável
pela contratação de pessoal,
não providenciou reposição.
A escola Professor Makiguti
fica em Cidade Tiradentes, bolsão de pobreza no extremo leste da cidade, onde 65% das famílias vivem com até três salários mínimos. Na cidade, é a
única escola técnica pública
com especialização em áreas da
saúde. Oferece cursos de técnico em farmácia, análises clínicas, higiene dental e gestão em
serviços de saúde. Tem laboratórios bem equipados, salas de
informática ligadas à internet e
biblioteca com 3.000 títulos.
Os estudantes temem que esteja em curso uma "operação-desmonte" da escola, já que,
além da dispensa dos professores, a prefeitura também não
providenciou a realização do
vestibulinho para ingresso de
novos alunos, que deveria ter
acontecido entre novembro e
dezembro últimos, e que levaria à admissão de 480 calouros.
Até ontem, não havia ainda
previsão de quando seria realizado o concurso.
"Essa escola é a esperança de
profissionalização em uma região que, em geral, é muito pobre em oportunidades. Será
uma enorme perda se ela for esvaziada", afirma Carlos Roberto dos Santos, estudante de gestão em saúde.
No último concurso de ingresso, 2.200 candidatos, a
maioria residente nos extremos da zona leste, disputaram
as 480 vagas existentes.
Com a falta de professores,
alunos que às vezes enfrentam
de duas a três horas de ônibus
para chegar à escola (é o caso de
Lourdes Franco Bueno, de farmácia) acabam ficando nas salas de aula sem nada para fazer.
Na semana passada, os estudantes do noturno assistiram a
apenas 4 das 20 aulas previstas.
"Eu tinha programado tudo
para minha formatura, no meio
do ano. E agora?", pergunta a
aluna do curso técnico em análises clínicas Bruna Carolina da
Silva, 19. Segundo os alunos,
nem a escola nem a Fundação
Paulistana de Educação e Tecnologia (administradora) nem
a Secretaria Municipal da Educação nem a Prefeitura sabem
informar como será feita a reposição de aulas, quando haverá a contratação de novos professores e quando ocorrerá a
seleção de novos alunos.
"Precisamos de uma manifestação. Isso é um desrespeito
incrível conosco e com o dinheiro que os contribuintes de
toda a cidade investiram na
nossa formação", diz a aluna Simone Oliveira Amadeu, 25.
O prefeito Gilberto Kassab
afirmou, durante a campanha
eleitoral de 2008, que investiria
pesado na construção de escolas técnicas.
No horário eleitoral gratuito
do dia 15 de setembro, o locutor
da campanha do democrata
afirmou: "Bem aqui está sendo
construída a escola técnica de
Heliópolis. Serão 1.100 vagas. O
Kassab está fazendo mais duas
Etecs, na Penha e em Cidade
Tiradentes. As Etecs do Kassab
vão ter o mesmo padrão de qualidade do Centro Paula Souza."
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