São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2008

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Alunos de Sete Barras têm provas todo mês, reforço e apostilas de rede privada

Raimundo Paccó/Folha Imagem
Alunos de Sete Barras (interior de SP), cidade considerada um dos exemplos em educação pelo MEC

FÁBIO TAKAHASHI
ENVIADO ESPECIAL A SETE BARRAS (SP)

JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SUD MENUCCI

MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA

Fatores que parecem simples, mas ausentes em boa parte das redes públicas do país, levaram a rede municipal de Sete Barras (251 km de SP) a ser considerada um dos exemplos pelo MEC. Avaliação dos alunos, recuperação, material didático organizado e formação dos professores são as ações apontadas pelos educadores locais como a explicação para os bons resultados.
Os alunos da cidade, de cerca de 15 mil habitantes, fazem provas mensalmente e passam por avaliação semestral da prefeitura. Os exames buscam diagnosticar as dificuldades dos estudantes para que, em seguida, sejam formadas turmas para reforço escolar.
Nas últimas férias de janeiro, por exemplo, foi montado um grupo de estudantes da terceira série para receber aulas extras para melhorar a escrita. Há ainda a recuperação durante o ano.
Para organizar o conteúdo a ser ensinado, a prefeitura optou por um sistema polêmico, o de apostilas feitas por um grupo privado (Objetivo). Parte dos educadores do país afirma que o sistema massifica o ensino e prejudica uma formação mais humanista dos alunos.
"Antes, cada professor definia o que ia ensinar. Agora, está tudo organizado", diz a secretária da Educação, Edna Kabata.
Outro ponto destacado pela secretária é a formação dos professores -os 78 docentes da rede possuem nível superior.
"Aqui não tem invenção. É giz e lousa, mas tudo está organizado", diz a diretora da escola Durval de Castro, Ena Maria de Morais. A unidade, ainda sem laboratório de informática, teve notas na quarta série superiores aos da oitava do sistema estadual de São Paulo, em português, na Prova Brasil 2005 (exame do governo federal).
Aluno da quarta série, Vinicius Fujimoto, 10, afirma que não tem problemas para acompanhar as aulas. Mas conta que precisa se dedicar. "Temos bastante lição de casa. Quando não fazemos, levamos bronca."
Para evitar que os professores tenham muitas faltas, a prefeitura adotou um bônus que é pago de acordo com a assiduidade do docente. No ano passado, os que não faltaram nenhuma vez chegaram a ganhar quatro salários extras.
Os professores ganham cerca de R$ 1.000 mensais, sem contar as gratificações.

Sud Menucci
Em Sud Menucci (614 km de SP), outra cidade listada pelo MEC, uma torre de 40 metros permite aos moradores o acesso gratuito à internet banda larga via rádio. A cidade tem 7.714 habitantes. "Longe de tudo", conforme a própria secretária da Educação, Sandra Muniz, a cidade, "com a internet, pôde se abrir para o mundo".
Ontem à tarde, na escola municipal Professor Victor Pandilha, 22 alunos do ensino fundamental navegavam na rede orientados por uma professora.
Em 2001, 14,1% dos habitantes de Sud Menucci eram analfabetos. Hoje, são 7,25% (a maioria tem mais de 50 anos).
A prefeitura buscou convênios com faculdades da região para incentivar a presença dos jovens em cursos técnicos e universitários. Para freqüentar as aulas, o aluno recebe auxílio de 50% da mensalidade (divididos entre município e a entidade), mais transporte.


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