São Paulo, quarta-feira, 25 de março de 2009

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Governo muda política de bônus a professor

Docentes e funcionários de escolas com bons indicadores, mas que tiveram queda no último ano também receberão bonificação

Ainda não estão definidos critérios para pagamento nem valores; pela regra atual, só colégios com melhoria nos índices terão benefício


FÁBIO TAKAHASHI
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo de São Paulo decidiu dar bonificação para professores e funcionários de escolas com bons indicadores de qualidade, mas que tiveram queda no último ano. Pelas regras atuais do benefício, esses servidores não receberiam nada, pois a exigência era que houvesse melhoria.
A Folha informou na semana passada que professores de sete das 60 melhores escolas da capital não ganhariam o bônus, uma vez que caíram entre 2007 e 2008 no Idesp (índice que considera a nota dos alunos em português, matemática e dados de evasão e reprovação). Apesar da queda, elas seguem no topo do ranking.
Nessa situação, por exemplo, está a Professor Ennio Voss (no Brooklin, zona sul), que teve a nota mais alta de 2008 no ciclo de 5ª a 8ª séries.
Segundo a Folha apurou, em reunião feita anteontem, o governo José Serra (PSDB) avaliou que escolas com bons resultados devem receber algum benefício, mesmo que tenham caído no índice.
Ainda não estão definidos os critérios para o pagamento nem os valores. Uma das "tops" da capital, por exemplo, caiu mais de 10% em um ano.
A Secretaria da Fazenda ficou encarregada de elaborar simulações para a criação de um modelo que contemple essas escolas sem contrariar a essência da lei, que busca estimular melhorias na rede.
Os valores pagos às escolas que caíram no indicador deverão ser menores do que para aquelas que atingiram as metas preestabelecidas.
Fontes do governo fazem questão de frisar que a concessão do benefício para esses servidores não representa mudanças na legislação.

Nova posição
No ano passado, a Secretaria da Educação estabeleceu metas de melhoria para cada escola, com base no Idesp. Se a unidade atingir o patamar, professores e funcionários ganharão 2,4 salários adicionais -ou 2,9 salários, caso passe o objetivo.
A ideia era que todas as unidades da rede melhorassem. Por isso, num primeiro momento, a pasta defendeu que escolas que recuaram não deveriam ganhar nada -mesmo que estivessem no topo.
Anteontem, porém, em reunião com diversos secretários, ficou decidido que servidores de escolas com bons indicadores deverão receber um bônus.
O impasse fez com que a divulgação dos resultados do programa fosse adiada -estava programada para anteontem, mas foi cancelada um dia antes. Oficialmente, a Secretaria da Educação afirmou que não houve tempo para tabulação de todos os dados.
O pagamento às escolas que caíram é polêmico. Para o pesquisador do Ibmec SP e da USP Naércio Menezes Filho, deveria ser dado bônus apenas àquelas que avançaram, pois "há espaço para todas as escolas melhorarem".
Já o presidente da Udemo (sindicato dos diretores das escolas estaduais), Luiz Gonzaga de Oliveira Pinto, afirma ser "um absurdo" não fazer o pagamento, pois essas unidades que caíram "já estavam em um patamar muito alto".
Docente da melhor escola da capital de 5ª a 8ª, Sonia Maria Fernandes Nunes da Silva, 62, afirmou ter ficado "revoltada" ao saber que não receberia o bônus. "Estamos em uma escola considerada de excelência e não vamos receber um centavo. Nós, professores, estamos sem motivação para trabalhar." Ela dá aulas na unidade há 30 anos.


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