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Governo muda política de bônus a professor
Docentes e funcionários de escolas com bons indicadores, mas que tiveram queda no último ano também receberão bonificação
Ainda não estão definidos critérios para pagamento nem valores; pela regra atual, só colégios com melhoria nos índices terão benefício
FÁBIO TAKAHASHI
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo de São Paulo decidiu dar bonificação para professores e funcionários de escolas com bons indicadores de
qualidade, mas que tiveram
queda no último ano. Pelas regras atuais do benefício, esses
servidores não receberiam nada, pois a exigência era que
houvesse melhoria.
A Folha informou na semana passada que professores de
sete das 60 melhores escolas da
capital não ganhariam o bônus,
uma vez que caíram entre 2007
e 2008 no Idesp (índice que
considera a nota dos alunos em
português, matemática e dados
de evasão e reprovação). Apesar da queda, elas seguem no
topo do ranking.
Nessa situação, por exemplo,
está a Professor Ennio Voss (no
Brooklin, zona sul), que teve a
nota mais alta de 2008 no ciclo
de 5ª a 8ª séries.
Segundo a Folha apurou, em
reunião feita anteontem, o governo José Serra (PSDB) avaliou que escolas com bons resultados devem receber algum
benefício, mesmo que tenham
caído no índice.
Ainda não estão definidos os
critérios para o pagamento
nem os valores. Uma das "tops"
da capital, por exemplo, caiu
mais de 10% em um ano.
A Secretaria da Fazenda ficou encarregada de elaborar simulações para a criação de um
modelo que contemple essas
escolas sem contrariar a essência da lei, que busca estimular
melhorias na rede.
Os valores pagos às escolas
que caíram no indicador deverão ser menores do que para
aquelas que atingiram as metas
preestabelecidas.
Fontes do governo fazem
questão de frisar que a concessão do benefício para esses servidores não representa mudanças na legislação.
Nova posição
No ano passado, a Secretaria
da Educação estabeleceu metas
de melhoria para cada escola,
com base no Idesp. Se a unidade atingir o patamar, professores e funcionários ganharão 2,4
salários adicionais -ou 2,9 salários, caso passe o objetivo.
A ideia era que todas as unidades da rede melhorassem.
Por isso, num primeiro momento, a pasta defendeu que
escolas que recuaram não deveriam ganhar nada -mesmo
que estivessem no topo.
Anteontem, porém, em reunião com diversos secretários,
ficou decidido que servidores
de escolas com bons indicadores deverão receber um bônus.
O impasse fez com que a divulgação dos resultados do programa fosse adiada -estava
programada para anteontem,
mas foi cancelada um dia antes.
Oficialmente, a Secretaria da
Educação afirmou que não
houve tempo para tabulação de
todos os dados.
O pagamento às escolas que
caíram é polêmico. Para o pesquisador do Ibmec SP e da USP
Naércio Menezes Filho, deveria ser dado bônus apenas
àquelas que avançaram, pois
"há espaço para todas as escolas melhorarem".
Já o presidente da Udemo
(sindicato dos diretores das escolas estaduais), Luiz Gonzaga
de Oliveira Pinto, afirma ser
"um absurdo" não fazer o pagamento, pois essas unidades que
caíram "já estavam em um patamar muito alto".
Docente da melhor escola da
capital de 5ª a 8ª, Sonia Maria
Fernandes Nunes da Silva, 62,
afirmou ter ficado "revoltada"
ao saber que não receberia o
bônus. "Estamos em uma escola considerada de excelência e
não vamos receber um centavo.
Nós, professores, estamos sem
motivação para trabalhar." Ela
dá aulas na unidade há 30 anos.
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