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Prefeitura de SP ataca relatório da ONU que elogia PT
Texto que enaltece política habitacional da gestão Marta e critica Serra e Kassab é recolhido após queixa oficial
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Um relatório sobre a cidade
de São Paulo encomendado pelo UN-Habitat (Programa das
Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos) gerou uma
crise com a Prefeitura de São
Paulo. Sua divulgação, prevista
para ontem no 5º Fórum Urbano Mundial, foi suspensa.
O texto elogia a política habitacional de Marta Suplicy (PT)
e critica, sem citar nomes, seus
sucessores José Serra (PSDB) e
Gilberto Kassab (DEM).
Após ter acesso a um rascunho do relatório "São Paulo:
um Conto de Duas Cidades", a
superintendente de habitação
popular da prefeitura, Elisabete França, enviou e-mail ao
chefe da divisão de pesquisas
do UN-Habitat, Eduardo Moreno, reclamando que o texto,
do consultor independente
Christopher Horwood, "mais
parece um panfleto político do
que um estudo técnico".
O UN-Habitat recuou. Alberto Paranhos, autoridade principal do escritório para América
Latina e Caribe, disse que será
marcada nova data, mas só após
o autor do texto apresentar
suas críticas à prefeitura e ouvir suas considerações.
"Não temos problema em
criticar, mas adotamos como
prática apresentar as críticas
antes para dar direito de réplica
e ter certeza de que o que está
escrito é verdadeiro. No caso
desse documento, quando descobrimos que ele já estava sendo impresso, suspendemos o
processo. Mas algumas cópias
acabaram sendo divulgadas",
afirmou Paranhos.
A Folha foi um dos veículos a
ter acesso ao relatório. Os quatro primeiros capítulos trazem
dados de uma pesquisa feita
em parceria com a Fundação
Seade, vinculada ao governo de
São Paulo. No quinto parágrafo, é feita uma análise das políticas públicas habitacionais.
O texto diz que a gestão Marta "marcou importante era na
política habitacional de São
Paulo", citando positivamente
a criação das Zonas Especiais
de Interesse Social, o programa
Bairro Legal e os Centros Educacionais Unificados.
O documento afirma que os
sucessores da petista não deram continuidade a algumas
dessas políticas e que especialistas consultados "concordam
que as autoridades municipais
não estão cientes ou comprometidas com a melhoria das
condições de vida em cortiços e
favelas".
A Folha tentou entrar em
contato com Horwood, mas
não conseguiu localizá-lo.
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