São Paulo, quarta-feira, 25 de abril de 2001

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CASO FAVELA NAVAL

Para promotor, diminuição é excessiva

Tribunal de Justiça reduz pena do ex-PM Rambo de 47 para 15 anos

DA REPORTAGEM LOCAL

DA FOLHA ONLINE

O Tribunal de Justiça de São Paulo reduziu ontem a pena do ex-PM Otávio Lourenço Gambra, conhecido como Rambo, de 47 anos e três meses para 15 anos e dois meses de prisão.
O promotor do caso, José Carlos Blat, questionou ontem a decisão do Tribunal de Justiça. "É um duro golpe aos direitos humanos. Achei a diminuição excessiva, e isso acaba frustrando não só o Ministério Público mas principalmente a luta pelos direitos humanos", disse o promotor.
Gambra foi condenado a 46 anos e três meses de prisão em regime fechado pela morte do conferente Mário José Josino, na favela Naval, em Diadema (Grande SP), e por duas tentativas de homicídio contra Jeferson Caputi e o músico Silvio Calixto, além de um ano de detenção por crime de perigo contra a vida de Antonio Carlos Dias, que poderia ser cumprida em regime semi-aberto.
Após o julgamento, o advogado de Rambo, Gamalher Corrêa, disse que iria recorrer da decisão no Tribunal de Justiça. "A pena foi exagerada", afirmou.

Repercussão
Os crimes, que ficaram conhecidos como caso da favela Naval, ocorreram em março de 1997, durante blitze da Polícia Militar. Por conta da violência da ação policial, o caso chegou a ter repercussão internacional.
Rambo é o único dos dez policiais flagrados por um cinegrafista amador -torturando e atirando em pessoas em uma série de operações na favela- que ainda continua na prisão.
É que um estudo feito pela Unicamp provou que o tiro efetuado por Rambo atingiu o veículo no qual estava Josino.
A decisão da 3ª Câmara Criminal do TJ de São Paulo foi unânime. Votaram os desembargadores Segurado Braz, Oliveira Ribeiro e Walter Guilherme.
Em seu primeiro julgamento, por um júri popular, em 1998, Gambra havia sido condenado a 65 anos de prisão. Esse julgamento chegou a ser adiado três vezes. Depois, a decisão acabou sendo anulada pelo próprio TJ.
No segundo julgamento, que demorou quase uma semana, a pena chegou aos 47 anos.
O Ministério Público estuda a possibilidade de recorrer da decisão que reduziu a pena.


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