São Paulo, domingo, 25 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Proteção consome 15% do faturamento

DA REPORTAGEM LOCAL

Os gastos médios das transportadoras de carga em São Paulo com sistema de gerenciamento de riscos já beiram 15% do faturamento das empresas. Há dez anos, essas despesas variavam de 2% a 3% da arrecadação do setor.
Esses sistemas de gerenciamento de riscos, que visam reduzir os roubos, abrangem de procedimentos para selecionar funcionários ao monitoramento dos caminhões por satélite em tempo real.
As maiores transportadoras costumam ter centrais com câmeras que apontam a localização exata de cada veículo monitorado. Todas as ações dos motoristas são programadas e transmitidas por um computador dentro da cabine. Se a porta do veículo é aberta sem aviso antecipado, a central de controle é alertada.
O mesmo ocorre se os caminhoneiros demorarem para almoçar ou ir ao banheiro -ou se pararem na via em pontos que não foram previstos com antecedência.
Esses sistemas sofisticados, entretanto, acabam sendo acessíveis apenas às maiores empresas do setor. Norival de Almeida Silva, presidente do sindicato dos transportadores autônomos, afirma que, dos 180 mil caminhoneiros da categoria que ele representa, somente 3% contratam sistemas de gerenciamento de riscos.
O presidente do Setcesp, Urubatan Helou, afirma que as empresas já chegaram a uma "situação limite" por conta dos investimentos em proteção. "O Estado não vem cumprindo a contento o seu papel na repressão policial e os empresários do setor transportador é que acabam por arcar com o ônus da insegurança", diz.
O coronel Paulo Roberto Souza, assessor do Setcesp, afirma que algumas cargas roubadas são específicas de um segmento -materiais metalúrgicos, por exemplo- e não teriam como ser desovadas no varejo, mas somente dentro do próprio setor. Há casos de envolvimento, inclusive, de grandes redes nesse tipo de crime.
Godofredo Bittencourt, diretor do Deic, nega a falta de repressão policial. Ele disse que os roubos de carga no Estado, pelas estatísticas oficiais registradas em boletim de ocorrência, estão em queda.
A Secretaria da Segurança Pública não forneceu, porém, os dados solicitados na segunda-feira da semana passada. Bittencourt confirma que a maioria dos assaltos se dá nos trechos urbanos.
Ele diz que, em 2003, foram recuperadas 101 cargas no Estado, totalizando 87 toneladas, e 160 caminhões. Afirma ainda que foram feitas 155 prisões, sendo 47 flagrantes, em razão desse crime.


Texto Anterior: Entidade quer liberar caminhão maior
Próximo Texto: Mortes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.