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SAÚDE
Projeto prevê oficializar nos cargos servidores cedidos à Anvisa
Proposta pode suspender greve que afeta abastecimento de remédios
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O comando geral da greve da
Anvisa acatou proposta do governo e decidiu ontem recomendar
uma "trégua" na paralisação de
mais de dois meses que ocorre
nos postos de fiscalização do órgão e ameaça o abastecimento de
remédios e outros insumos.
Em reunião na noite de ontem
com os grevistas, o Executivo propôs encaminhar em até 30 dias ao
Congresso um projeto para oficializar nos cargos servidores que
foram cedidos às agências -pessoal que veio do extinto Inamps,
por exemplo. Também prometeu
que, terminada a greve, será aberta uma nova mesa de negociação
para outras reivindicações, como
a equiparação de salários dos funcionários cedidos às agências
-mais antigos- com os dos
contratados recentemente.
Segundo João Maria Medeiros
de Oliveira, presidente do sindicato dos servidores das agências, a
proposta será levada às 24 unidades da federação em que as atividades estão paralisadas e os funcionários terão autonomia para
decidir se a aceitam. Somente Rio
Grande do Sul, Mato Grosso do
Sul e Roraima não estão em greve.
A paralisação atinge também outras agências reguladoras, com
menor impacto.
O Ministério da Saúde informou ontem que o abastecimento
de nenhum insumo essencial à vida foi prejudicado até agora.
No entanto, o número de mandados judiciais em prol de empresas que tentam liberar insumos
retidos pelos grevistas já chega a
1.300, e a Anvisa formou uma força-tarefa para agilizar essas ordens judiciais.
A 9ª Vara Federal de São Paulo
determinou aos grevistas, na
quinta-feira passada, que liberassem pelo menos 30% de todos
produtos retidos.
A reunião com os grevistas era
prometida pelo governo desde a
semana passada, mas só foi viabilizada ontem. Segundo o presidente do sindicato, no entanto, as
negociações se arrastam desde julho do ano passado. "Pleiteamos o
mesmo tratamento dado para outras carreiras de regulação, como
a do Banco Central", disse.
A greve começou em 21 de fevereiro, no porto de Santos e no aeroporto de Guarulhos, em São
Paulo, após chamada da Federação das Entidades de Servidores
da Previdência Social -muitos
dos associados à federação, antes
ligados à Previdência, trabalham
atualmente nas agências. A adesão inicial foi pequena, mas cresceu com a entrada do sindicato no
movimento, no fim de março.
Oliveira reconheceu que houve
retenção de testes para sangue na
Paraíba, mas atribuiu o problema
à falta de empenho das empresas
fabricantes dos produtos, que não
teriam solicitado a liberação. Ele
reclamou que a greve vem sendo
supervalorizada. "Vem sendo culpada de tudo que é problema de
saúde. Mas não é verdade", disse.
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