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SABEDORIA TIBETANA
Líder do budismo, que inicia sua terceira visita ao país, dará palestra no ginásio do Ibirapuera
Turnê de dalai-lama começa amanhã em SP
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Chega amanhã a São Paulo o
principal líder budista do mundo,
Tenzin Gyatso, o dalai-lama. Esta
será a terceira visita ao Brasil daquele que é considerado a própria
reencarnação do Buda da Compaixão -as outras aconteceram
em 1992 e em 1999.
O monge budista ficará hospedado no hotel Grand Hyatt, na
avenida das Nações Unidas (zona
sul paulistana), um cinco estrelas.
Entre os ex-hóspedes ilustres do
Grand Hyatt estão os integrantes
da banda irlandesa U2, durante a
última turnê pelo Brasil.
Em sua visita anterior a São
Paulo, o dalai-lama preferiu a
companhia bem mais ascética dos
monges do Mosteiro de São Bento, no centro. Segundo os organizadores da visita, a mudança de
endereço deve-se à complexidade
da agenda a ser cumprida.
Da comitiva do dalai-lama farão
parte oito pessoas: dois atendentes pessoais, três seguranças, um
secretário particular e um tradutor especializado em religião e filosofia, além do representante do
budismo tibetano em Nova York.
A partir das 14h de amanhã, o
religioso falará a cerca de 200 jornalistas. Entre quinta e sábado,
estão previstas seis atividades para públicos com distintos níveis
de envolvimento com o budismo
-de curiosos a iniciados.
No Templo Zu Lai, em Cotia
(Grande SP), falará com monges e
religiosos. Já no ginásio do Ibirapuera, com capacidade para 11
mil pessoas, a palestra será sobre
"O Poder da Compaixão" e mesclará a sabedoria de 2.500 anos do
budismo à linguagem simples dos
manuais de auto-ajuda.
Segundo o reverendo e professor-doutor em História das Religiões da USP, Ricardo Mário
Gonçalves, o sucesso pop do dalai-lama decorre do fato de ele ser
"o maior representante do Renascimento do Oriente". O professor
lembra que, até 1957, o Tibete natal do lama era uma sociedade fechada, dominada pela teocracia
budista. Foi apenas com a invasão
chinesa -e com o conseqüente
exílio dos principais líderes religiosos na vizinha Índia- que o
país começou a dialogar com outras culturas e, assim, a disseminar o budismo que praticava.
"É um processo parecido com o
que aconteceu no Ocidente depois da invasão de Constantinopla pelos turcos, em 1453. A cultura grega que lá tinha ficado isolada (e protegida) durante a Idade
Média, com a invasão turca teve
de migrar, sendo decisiva no Renascimento italiano", explica.
"É claro que existe uma dimensão pop nesse fenômeno, como
existiu no Renascimento italiano.
Mas o dalai-lama é muito mais do
que um ídolo pop. É um sábio,
um especialista na escola dialética
do Vazio, fundada pelo filósofo
metafísico Nagajurna no século
2", diz Gonçalves.
Para o monge beneditino Marcelo Barros, o sucesso do lama representa "um claro questionamento da soberba auto-referente
de líderes do Ocidente, que assassinam multidões enquanto recitam a Bíblia. Ele fala em despojamento, em compaixão, coisas que
a humanidade procura." Barros
encontrou-se com o dalai-lama
em 99, em Brasília. "Vi pessoas
prostrando-se diante dele e ele,
dizendo ser um simples monge,
pedir-lhes sorrindo que se levantassem. Ele sorri o tempo todo."
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