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SISTEMA PENITENCIÁRIO
Para governador paulista, entidades que atuam em penitenciárias têm motivações políticas
ONGs tumultuam prisões, afirma Lembo
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo,
Cláudio Lembo (PFL), responsabilizou ONGs (organizações não-governamentais) que atuam em
presídios do Estado por tumultos
e rebeliões nas penitenciárias.
Disse que esses "elementos externos" operam principalmente
em ano eleitoral, mas que "não
vão conseguir tumultuar a paz e a
tranqüilidade" das unidades prisionais paulistas.
O ataque de Lembo ao trabalho
das ONGs, que o governador
comparou à ação de facções criminosas, ocorreu ontem de manhã, durante o evento de lançamento da campanha estadual de
vacinação para idosos.
O assunto veio à tona quando
repórteres questionaram o governador sobre dois levantes ocorridos nos últimos dias em Potim,
no interior, e em São Bernardo do
Campo, na Grande São Paulo.
Segundo Lembo, o problema
que ocorre nos presídios é semelhante ao da Febem. Há 20 dias ele
já havia dito que as rebeliões nessas unidades de ressocialização de
jovens infratores são "provocadas
por agentes externos" que falam
"em direitos humanos".
Ontem, o pefelista adicionou o
ingrediente político em suas declarações. "Também há segmentos políticos que ingressam nos
presídios e querem transformá-los em comitês políticos. E isso
não é possível. Os presos não podem ser utilizados como instrumento de manobra de segmentos
políticos", afirmou o governador.
Questionado se é o PT -principal adversário do ex-governador
Geraldo Alckmin (PSDB), que
disputará a Presidência neste
ano- que está desestabilizando a
ordem dos presídios, Lembo respondeu: "Não disse isso. Não cito
partidos, cito segmentos da sociedade, algumas ONGs que têm essa vontade de criar situações nos
presídios".
A Folha perguntou quais seriam essas ONGs. "Não saberia
responder especificamente porque o universo é grande e eu poderia praticar alguma injustiça",
disse o governador.
As ONGs agiriam por motivação política?, insistiu a reportagem. "Às vezes por motivação política e partidária. E às vezes por
motivação idealista, utópica. Onde estão o idealismo e a utopia falta realidade. E onde falta a realidade ocorrem acontecimentos muito sérios", afirmou Lembo.
Representantes de ONGs que
atuam em presídios paulistas criticaram as declarações do governador (leia texto ao lado).
São Paulo já registrou 23 motins
(evento limitado a uma área da
unidade prisional) e 12 rebeliões
(evento de maior gravidade) neste ano. Foram feitas reféns 303
pessoas. A população carcerária
passa de 120 mil no Estado, segundo a Secretaria da Administração Penitenciária -que não quis se manifestar sobre as declarações do governador.
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