São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 2006

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SISTEMA PENITENCIÁRIO

Para governador paulista, entidades que atuam em penitenciárias têm motivações políticas

ONGs tumultuam prisões, afirma Lembo

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), responsabilizou ONGs (organizações não-governamentais) que atuam em presídios do Estado por tumultos e rebeliões nas penitenciárias.
Disse que esses "elementos externos" operam principalmente em ano eleitoral, mas que "não vão conseguir tumultuar a paz e a tranqüilidade" das unidades prisionais paulistas.
O ataque de Lembo ao trabalho das ONGs, que o governador comparou à ação de facções criminosas, ocorreu ontem de manhã, durante o evento de lançamento da campanha estadual de vacinação para idosos.
O assunto veio à tona quando repórteres questionaram o governador sobre dois levantes ocorridos nos últimos dias em Potim, no interior, e em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.
Segundo Lembo, o problema que ocorre nos presídios é semelhante ao da Febem. Há 20 dias ele já havia dito que as rebeliões nessas unidades de ressocialização de jovens infratores são "provocadas por agentes externos" que falam "em direitos humanos".
Ontem, o pefelista adicionou o ingrediente político em suas declarações. "Também há segmentos políticos que ingressam nos presídios e querem transformá-los em comitês políticos. E isso não é possível. Os presos não podem ser utilizados como instrumento de manobra de segmentos políticos", afirmou o governador.
Questionado se é o PT -principal adversário do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que disputará a Presidência neste ano- que está desestabilizando a ordem dos presídios, Lembo respondeu: "Não disse isso. Não cito partidos, cito segmentos da sociedade, algumas ONGs que têm essa vontade de criar situações nos presídios".
A Folha perguntou quais seriam essas ONGs. "Não saberia responder especificamente porque o universo é grande e eu poderia praticar alguma injustiça", disse o governador.
As ONGs agiriam por motivação política?, insistiu a reportagem. "Às vezes por motivação política e partidária. E às vezes por motivação idealista, utópica. Onde estão o idealismo e a utopia falta realidade. E onde falta a realidade ocorrem acontecimentos muito sérios", afirmou Lembo.
Representantes de ONGs que atuam em presídios paulistas criticaram as declarações do governador (leia texto ao lado).
São Paulo já registrou 23 motins (evento limitado a uma área da unidade prisional) e 12 rebeliões (evento de maior gravidade) neste ano. Foram feitas reféns 303 pessoas. A população carcerária passa de 120 mil no Estado, segundo a Secretaria da Administração Penitenciária -que não quis se manifestar sobre as declarações do governador.


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