|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Polícia quer mostrar contradições do casal em reconstituição
Delegado pretende comprovar que brigas dos dois podem ter sido ouvidas por vizinhos e que não havia outra pessoa no local
Os advogados de Alexandre Nardoni e Anna Jatobá
confirmaram a presença dos dois na reconstituição do
assassinato de Isabella
CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
JORGE SOUFEN JR
ARTUR RODRIGUES
DO "AGORA"
A reconstituição da morte de
Isabella Nardoni, no domingo,
será o elemento principal das
investigações sobre a morte da
menina. A polícia espera, com a
encenação, comprovar a inconsistência dos depoimentos do
pai e da madrasta.
A reconstituição começa às
9h, no edifício London, de onde
a menina foi jogada, na Vila Isolina Mazzei (zona norte).
O delegado-titular responsável pelas investigações, Calixto
Calil Filho, pretende confirmar
três teses: que os suspeitos caíram em contradições nos depoimentos, que brigas do casal
ou gritos de criança poderiam
ter sido ouvidos por vizinhos e
que o tempo transcorrido entre
a chegada da família e o momento do crime impossibilitaria a presença de outra pessoa.
A simulação será feita de
acordo com todas as versões e
deve levar cerca de dez horas.
Com a reconstituição será possível avaliar cada versão em termos de tempo e espaço físico.
O pai de Isabella, Alexandre
Nardoni, e a madrasta, Anna
Carolina Trotta Jatobá, foram
intimados a comparecer.
Para a polícia, ela agrediu e
asfixiou Isabella e ele a jogou
pela janela. Eles negam.
Os advogados do casal confirmaram a presença de Alexandre e Anna Jatobá. Para criminalistas ouvidos pela Folha,
eles deverão ir ao local para demonstrar que colaboram, mas
não devem participar da versão
que os incrimina.
A legislação brasileira garante ao cidadão o direito de não
produzir provas contra ele
mesmo. "Por lei, eles não precisam nem falar até o julgamento", diz o advogado criminalista
David Rechulski.
O mestre em direito processual Celso Sanchez Vilardi acha
"muito improvável" que Alexandre lance uma boneca do
sexto andar. "A reconstituição
é fotografada e essas imagens
podem ser usadas no tribunal
mais tarde e ajudar a formar a
convicção dos jurados."
As principais testemunhas,
como o porteiro, a mãe de Isabella, funcionários do resgate e
vizinhos que escutaram gritos
também deverão estar no local.
Entre 50 e cem policiais serão mobilizados para controlar
eventuais manifestantes. Para
evitar tumulto, a polícia só permitirá o trânsito de moradores
e pessoas que comprovem ir a
um dos apartamentos ou casas
da rua Santa Leocádia, como
entregadores.
Muitos moradores dizem estar cansados da presença da
imprensa e de pessoas que passam olhando para o alto em
busca do sexto andar. "Todo
mundo vai querer ir para outro
lugar, ter um domingo tranqüilo", disse a comerciante Marcia
Ferreira.
Texto Anterior: Poste está há dois anos abandonado no meio de uma rua na zona sul de SP Próximo Texto: Sangue foi limpo para despistar, diz promotor Índice
|