São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2008

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OTHON CORREIA NETTO (1921 - 2008)

A memória do piloto no campo nazista

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Foi sorte não ter morrido", diz o filho, à procura da medalha do pai com o nome gravado lá se vão mais de 60 anos, quando Othon Correia Netto partiu com o Primeiro Grupo de Caça para a Segunda Guerra Mundial. "E deve ter visto coisas que não gostaria de lembrar." Verdade que era de poucas palavras. Mas disso não falava jamais.
Nasceu em Viçosa (AL) e foi ainda moço estudar na Escola Militar do Realengo, no Rio. Fez cursos para piloto de caça bem na época em que eclodia a guerra e foi então voluntário do grupo de aviação de caça, tendo a Itália como destino.
"Mergulhava atirando foguetes quando senti um tranco violento", disse, em uma das raras entrevistas dadas sobre o tema. Era sua 58ª missão e ele fora derrubado em vôo, em 26 de março de 1945. "Serião", como era chamado pelos amigos, saltou de pára-quedas em Caserta, no front tomado pelos alemães.
E foi preso, tendo que marchar até um campo de concentração na Alemanha. Por sorte a guerra acabou e ele foi libertado, em maio. Mas "Serião" ficou ainda mais sério. No Brasil, já bem condecorado com medalhas como a American Air Medal, continuou na FAB até se aposentar, em 1966.
Casado, tinha três filhos e quatro netos. Morreu do coração na quinta, em Petrópolis, aos 87. Ficaram os "quilos de convites que recebia para palestras e jantares". Onde tudo o que se fazia era lembrar da guerra.


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