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OTHON CORREIA NETTO (1921 - 2008)
A memória do piloto no campo nazista
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
"Foi sorte não ter morrido", diz o filho, à procura da
medalha do pai com o nome
gravado lá se vão mais de 60
anos, quando Othon Correia Netto partiu com o Primeiro
Grupo de Caça para a Segunda Guerra Mundial. "E deve
ter visto coisas que não gostaria de lembrar." Verdade
que era de poucas palavras.
Mas disso não falava jamais.
Nasceu em Viçosa (AL) e
foi ainda moço estudar na
Escola Militar do Realengo,
no Rio. Fez cursos para piloto de caça bem na época em
que eclodia a guerra e foi então voluntário do grupo de
aviação de caça, tendo a Itália como destino.
"Mergulhava atirando foguetes quando senti um
tranco violento", disse, em
uma das raras entrevistas dadas sobre o tema. Era sua 58ª
missão e ele fora derrubado
em vôo, em 26 de março de
1945. "Serião", como era chamado pelos amigos, saltou de
pára-quedas em Caserta, no
front tomado pelos alemães.
E foi preso, tendo que marchar até um campo de concentração na Alemanha. Por
sorte a guerra acabou e ele foi
libertado, em maio. Mas "Serião" ficou ainda mais sério.
No Brasil, já bem condecorado com medalhas como a
American Air Medal, continuou na FAB até se aposentar, em 1966.
Casado, tinha três filhos e
quatro netos. Morreu do coração na quinta, em Petrópolis, aos 87. Ficaram os "quilos
de convites que recebia para
palestras e jantares". Onde
tudo o que se fazia era lembrar da guerra.
obituario@folhasp.com.br
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