DA SUCURSAL DO RIO

Na tentativa de reverter a imagem negativa dos policiais, a PM do Rio pretende transformar o tenente Alfredo Laranja em uma espécie de herói da corporação.
Publicada pela Folha na capa da edição de segunda-feira, a fotografia em que Laranja, 38, aparece fazendo respiração boca a boca em Gabriela da Silva, 1, deverá ser mostrada em outdoors espalhados pelo Rio.
De autoria do repórter-fotográfico Zulmair Rocha, a foto capta o instante em que a menina, sufocada por gás lacrimogêneo, é socorrida pelo tenente durante quebra-quebra na favela do Jacarezinho (zona norte carioca).
Ontem, o tenente tomou café da manhã com o chefe do Estado-Maior da PM, Wilton Soares Ribeiro. À tarde, foi recebido pelo comandante-geral da corporação, coronel Sérgio da Cruz.
Em entrevista à Folha, o tenente minimizou sua atuação no episódio. Casado, pai de duas meninas, de 10 e 7 anos, Laranja afirma não se considerar um herói.
"Foi um ato corriqueiro. Qualquer outro policial faria também. Somos treinados para isso. Era tanta confusão na hora que nem reparei que tinha sido fotografado", disse ele, que ingressou na PM há quase 18 anos.
Mesmo dizendo gostar da profissão, Laranja demonstra frustração com o fato de não ter se tornado arquiteto. Nos anos 80, ele passou no vestibular, mas não teve dinheiro para iniciar os estudos. Ele ganha R$ 1.360 por mês e espera receber R$ 1.550 com o aumento concedido pelo governo.


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