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MAPA DO MEDO
De 99 a 2003, taxa de homicídios caiu 13% em SP, diz a Unesco; uso de armas de fogo responde a 69% desse tipo de crime
Violência cai, mas morte à bala cresce em SP
MARCOS SERGIO SILVA
DA REDAÇÃO
Os homicídios caíram no Estado de São Paulo de 1999 até 2003.
Mas, na contramão desse dado, o
número de mortes por arma de
fogo subiu. A informação está no
Mapa da Violência do Estado, o
primeiro da Unesco (Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura)
para uma unidade da Federação.
Desde 1999, quando houve recorde de assassinatos, a queda
nesse tipo de crime foi de 12,9%,
com redução mais acentuada
(18,9%) na capital paulista. O número continua alto: foram 13.903
mortes em 2003, ou 38 por dia.
A queda foi atribuída pelo pesquisador Júlio Jacobo Waiselfisz,
autor do estudo, ao envolvimento
da sociedade civil no combate à
violência. Em 2003, o número de
homicídios no Estado correspondia a 27,3% do total do país -o
menor percentual desde 1993.
Enquanto isso, o número de assassinatos por arma de fogo cresceu: foi de 8.038 (ou 50,8% dos
homicídios) em 1999 para 9.539
em 2003 (68,8%), com pico de
10.626 em 2001. Nas mortes de jovens de 15 a 24 anos, a participação de armas de fogo é de 40,1%.
A análise teve como base os dados do SIM/DataSus (Sistema de
Informações sobre Mortalidade
do Ministério da Saúde) de 1993 a
2003 e dos boletins de ocorrência
processados pela Secretaria da Segurança Pública de 2001 a 2004.
A Unesco reconhece que há distorções entre os números do Ministério da Saúde e os da Secretaria da Segurança Pública. Pelo
SIM/DataSus, a taxa de homicídios doloso cai de 38 para cada
100 mil habitantes em 2002 para
35,9 -queda de 2,1%. O Estado
vê queda superior a 10% (vai de
38,9 para 28,3 em um ano).
Em janeiro, a Folha relatou 14
casos registrados como morte a
esclarecer e encontro de cadáver,
mas que traziam, no próprio boletim, indícios claros de homicídio
doloso. Essa "maquiagem" tirava
os casos das estatísticas.
O secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, primeiro pegou para si a boa
notícia da queda dos homicídios.
"Desmerecer esses dados é uma
partidarização da política de segurança pública. Quando os números são bons, pega-se carona
na cauda do cometa", disse.
Depois, confrontado com o
crescimento das mortes por armas de fogo, disse que o problema
das apreensões não é do governo
de São Paulo, e sim da União. "Os
secretários estaduais de segurança só podem enxugar gelo nessa
área. Apreender arma, apreender
arma, e torcer para que as fronteiras tenham mais cuidado", disse.
Abreu Filho mostrou números
que apontam a queda de apreensões no Estado -de 39.551 em
2003 para 34.988 em 2004. Desde
dezembro de 2003 está em vigor o
Estatuto do Desarmamento, que
proíbe a posse de arma por civis
que não corram risco de morte.
Segundo ele, o impacto da entrega voluntária de armas é de
"3% ou 3,5%" da redução total.
Colaborou GABRIELA MANZINI,
da Folha Online
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