São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 2006

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Policiais feridos em atentados dizem não receber assistência do governo

DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos cinco policiais militares permanecem hospitalizados por causa dos ataques do PCC, iniciados no dia 12.
A ação dos criminosos deixou 28 policiais feridos, sendo 22 militares e seis civis. Além dos cinco internados, dez já se recuperam em casa. Ontem, não havia informação dos outros sete, segundo a Polícia Militar. Sobre a situação dos policiais civis, a Secretaria da Segurança Pública não tinha dados.
A Associação de Funcionários da Polícia Civil do Estado de São Paulo afirma que os feridos não estão recebendo assistência do Estado. "Ninguém recebeu ajuda", diz a presidente, Lucy Lima Santos.
Policiais confirmam que não têm recebido auxílio do governo e dizem se sentir frustrados por não terem nem apoio moral dos seus superiores. Um dos feridos, que pediu para não ser identificado, conta que, após ter alta do hospital, agora paga os remédios com dinheiro do próprio bolso. "Viramos alvos por sermos policiais e temos de arcar sozinhos com a conseqüência. Não acho justo."
O major Sérgio Olímpio, da Associação de Oficiais da Polícia Militar de São Paulo, conta que os policiais militares feridos na capital foram encaminhados para o hospital da PM. Já os do interior acabaram atendidos em suas cidades.

Decepção
Primeiro ferido pelo PCC, o capitão André Luiz de Oliveira, 40, passou por uma cirurgia em Avaré, onde foi baleado na perna, e agora se recupera em casa. Quando foi atingido, o capitão não imaginava que uma guerra entre polícia e bandido estava começando. Era fim da tarde do dia 12 quando foi ajudar a controlar uma rebelião no presídio de Avaré -de onde Marcola (Marcos Willians Herbas Camacho), o líder da facção, havia sido transferido um dia antes.
Acabou sendo atingido por um disparo. Passou por uma cirurgia e apenas anteontem deixou o hospital.
"Nunca tinha sido baleado em 20 anos de polícia. Mas a gente sempre está preparado por causa do risco da profissão. Não fiquei com receio de voltar ao trabalho", conta.
Decepcionado, diz que não recebeu nenhum telefonema dos seus chefes. "Pude contar com a ajuda da minha família e dos meus amigos. Só deles."
A PM informou, via assessoria de imprensa, que todos os policiais feridos receberam assistência.


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