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Câmara vota projeto que libera comércio ilegal em SP
Projeto prevê a concessão de alvará para empresa mesmo com imóvel irregular
O texto a ser votado é um substitutivo, elaborado pela liderança do governo na Câmara e assinado por todos os líderes de partido
DA REPORTAGEM LOCAL
A Câmara Municipal deve
votar nesta semana um projeto
de lei que legaliza praticamente
todo o comércio irregular de
São Paulo.
O projeto prevê a concessão
de alvará provisório para a empresa mesmo que o imóvel esteja em situação irregular. Até 1
milhão de estabelecimentos
podem ser beneficiados pela lei
em pleno ano eleitoral.
Hoje, se o imóvel está irregular, nenhuma empresa pode se
instalar nele. O projeto inverte
essa lógica e separa o alvará de
funcionamento do comércio da
legalização do imóvel.
A Folha revelou, em 29 de
fevereiro, que o prefeito Gilberto Kassab (DEM) trabalhava pela aprovação do projeto,
de autoria do vereador Adolfo
Quintas (PSDB).
O texto a ser votado hoje é
um substitutivo, elaborado pela liderança do governo na Câmara e assinado por todos os líderes de partido.
Foi a condição imposta para
aprovar o projeto. Os líderes
entendiam que o projeto é
"grande demais" para Quintas.
Em entrevista à Folha,
Quintas chegou a dizer que havia "ciumeira" dos vereadores
em relação ao projeto. "Um vereador me disse outro dia que,
se esse projeto for aprovado, eu
nunca mais saio da Câmara",
afirmou o tucano em fevereiro.
O substitutivo concede o alvará provisório por um ano, renovável por mais quatro, desde
que se comprove que o pedido
de regularização do imóvel está
em andamento.
Na prática, isso significa que
qualquer empresa poderá ficar
instalada legalmente por até
cinco anos em um imóvel em
situação irregular perante a
prefeitura.
A legalização valeria apenas a
empresas instaladas em uma
área de até 500 m2, com no máximo 12 metros de altura, lotação de até 500 pessoas, sem
elevador ou escada rolante.
O zoneamento da região terá
de ser cumprido -não será
permitida, por exemplo, a instalação de lojas em áreas residenciais.
O projeto é uma reivindicação da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), que negociou diretamente com Kassab. O texto foi incluído em
pauta de sessão extraordinária
no início da semana passada.
(EVANDRO SPINELLI)
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