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Ruína de vila deve virar museu a céu aberto
Arqueólogos já encontraram bases de casas e outras construções na extinta vila de Santo Antônio de Sá, no Estado do Rio
Vila foi a mais importante do Estado até ser abandonada, no século 19, por surtos de doenças e pela chegada de linha férrea
MALU TOLEDO
DA SUCURSAL DO RIO
As ruínas de uma vila abandonada no século 19 devem se
transformar em um museu arqueológico a céu aberto em Itaboraí, a 75 km do Rio. Arqueólogos já encontraram estruturas de casas, o cemitério e até a
fundação do que seria a cadeia
da vila de Santo Antônio de Sá.
O sítio arqueológico Fazenda
de Macacu, com área estimada
em 580 mil metros quadrados,
está localizado em área desapropriada para a construção do
Comperj, da Petrobras. A vila
foi a mais importante do Estado, até meados do século 19,
quando começou a perder sua
importância política e econômica e foi abandonada por causa das "febres de Macacu", como ficaram conhecidas a cólera
e a malária na região.
Fundada em 1567, a vila teve
grande importância na produção agrícola e abastecimento de
alimentos na região. Banhada
pelo rio Macacu, foi prejudicada por inúmeras inundações e
pela construção de ferrovias
entre outras cidades do Estado,
nos anos 1860, o que substituiu
o transporte fluvial, desativando o porto.
Da vila de Santo Antônio de
Sá restaram as construções da
torre da igreja matriz e o convento franciscano de São Boaventura, tombados pelo Instituto Estadual do Patrimônio
Cultural em 1978 e pelo Iphan
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em
1980. Por causa das ruínas, o lugar é comparado por pesquisadores às ruínas de São Miguel
das Missões no Rio Grande do
Sul, que hoje são um parque arqueológico aberto à visitação.
Na prospecção, arqueólogos
já encontraram bases de casas,
de uma fábrica de farinha, do
cemitério e da igreja matriz,
onde foi encontrada grande
quantidade de ossos de crianças. As ossadas foram levadas
para o museu Nacional do Rio
de Janeiro, onde serão analisadas. Uma pesquisa mais detalhada e trabalhos de escavação
do local poderão elucidar mais
sobre a história do lugar.
Até agora já foram descobertos mais 40 sítios na área do
Comperj, muitos pré-históricos. Nesses sítios foram encontrados sete sambaquis intactos
-acúmulos artificiais de conchas em forma de calotas. Segundo a arqueóloga Rosana
Nejjar, do Iphan Rio, os índios
construíam essa elevação para
morar sobre ela.
Nejjar disse que, pela importância histórica, o lugar pode
ser escolhido para se transformar em uma área para visitação
e pesquisas, como costuma
ocorrer em outros países.
"Se eu estivesse pesquisando
lá, gostaria muito de confirmar
essa lenda, que [a vila] acabou
por causa da doença", disse ela.
Segundo o superintendente
do Iphan do Rio, Carlos Fernando Andrade, a área deve
mesmo se transformar em um
centro de visitação, mas só depois que for feita a consolidação do sítio arqueológico.
Segundo Maurício Taam, da
gerência de relacionamento externo do Comperj, a prioridade
agora é a preservação da estrutura do convento.
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