São Paulo, domingo, 25 de maio de 2008

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Ruína de vila deve virar museu a céu aberto

Arqueólogos já encontraram bases de casas e outras construções na extinta vila de Santo Antônio de Sá, no Estado do Rio

Vila foi a mais importante do Estado até ser abandonada, no século 19, por surtos de doenças e pela chegada de linha férrea

MALU TOLEDO
DA SUCURSAL DO RIO

As ruínas de uma vila abandonada no século 19 devem se transformar em um museu arqueológico a céu aberto em Itaboraí, a 75 km do Rio. Arqueólogos já encontraram estruturas de casas, o cemitério e até a fundação do que seria a cadeia da vila de Santo Antônio de Sá.
O sítio arqueológico Fazenda de Macacu, com área estimada em 580 mil metros quadrados, está localizado em área desapropriada para a construção do Comperj, da Petrobras. A vila foi a mais importante do Estado, até meados do século 19, quando começou a perder sua importância política e econômica e foi abandonada por causa das "febres de Macacu", como ficaram conhecidas a cólera e a malária na região.
Fundada em 1567, a vila teve grande importância na produção agrícola e abastecimento de alimentos na região. Banhada pelo rio Macacu, foi prejudicada por inúmeras inundações e pela construção de ferrovias entre outras cidades do Estado, nos anos 1860, o que substituiu o transporte fluvial, desativando o porto.
Da vila de Santo Antônio de Sá restaram as construções da torre da igreja matriz e o convento franciscano de São Boaventura, tombados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural em 1978 e pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 1980. Por causa das ruínas, o lugar é comparado por pesquisadores às ruínas de São Miguel das Missões no Rio Grande do Sul, que hoje são um parque arqueológico aberto à visitação.
Na prospecção, arqueólogos já encontraram bases de casas, de uma fábrica de farinha, do cemitério e da igreja matriz, onde foi encontrada grande quantidade de ossos de crianças. As ossadas foram levadas para o museu Nacional do Rio de Janeiro, onde serão analisadas. Uma pesquisa mais detalhada e trabalhos de escavação do local poderão elucidar mais sobre a história do lugar.
Até agora já foram descobertos mais 40 sítios na área do Comperj, muitos pré-históricos. Nesses sítios foram encontrados sete sambaquis intactos -acúmulos artificiais de conchas em forma de calotas. Segundo a arqueóloga Rosana Nejjar, do Iphan Rio, os índios construíam essa elevação para morar sobre ela.
Nejjar disse que, pela importância histórica, o lugar pode ser escolhido para se transformar em uma área para visitação e pesquisas, como costuma ocorrer em outros países.
"Se eu estivesse pesquisando lá, gostaria muito de confirmar essa lenda, que [a vila] acabou por causa da doença", disse ela.
Segundo o superintendente do Iphan do Rio, Carlos Fernando Andrade, a área deve mesmo se transformar em um centro de visitação, mas só depois que for feita a consolidação do sítio arqueológico.
Segundo Maurício Taam, da gerência de relacionamento externo do Comperj, a prioridade agora é a preservação da estrutura do convento.


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