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MARIA LEOMACI SILVA (1952-2008)
E a coragem ao desbravar a Amazônia
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A mesma bravura que apelidou Maria Leomaci de "Leãomaci", o leão da selva
amazônica -a filha é quem
diz que a mulher "era grossa
mesmo, não adianta"-, deu-lhe coragem para enfiar-se
no mato e drenar barrigas
d'água dos pacientes terminais de hepatite, aliviar a febre de índios com malária e
ensinar a todos como não
morrer às pencas na floresta.
De Patos, cidade no sertão
da Paraíba onde nasceu, fugiu aos 13 apaixonada por um
mestre de obras. Casou em
Manaus. Fez medicina, especializou-se em doenças tropicais e foi para Rio Branco
criar os filhos sozinha.
Como médica do projeto
de assentamento do Incra, lá
ia ela, dois dias sobre o jipe
por 60 km de de barro até
Plácido de Castro, "salvar
centenas de vidas". Malária,
pegou duas vezes. Por isso
gritava no fim de tarde: "Não
sai a essa hora por causa do
mosquito", fosse aos dois filhos, sete netos ou Eliana, a
menina do mato que começou como agente de saúde e
acabou filha de criação.
Tempos em que "ia com o
médico e hoje senador Tião
Viana (PT-AC)" fazer campanha contra a malária na
Amazônia. Realidade distinta do consultório. "Dizia que
era médica de pobre; rico não
pegava essas doenças."
E veio a fama de "extremista" -por desenganar pacientes sem cura. "É melhor
esperar um milagre, porque
a medicina não tem o que fazer", dizia. Assim agiu ao saber do câncer. Fez quimioterapia, "mas não quis ficar entubada em hospital." Morreu
domingo, aos 55, em casa.
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