São Paulo, quarta-feira, 25 de maio de 2011 |
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PAULO ALVES DE LIMA (1924-2011) Professor de física e caçador ESTÊVÃO BERTONI DE SÃO PAULO Por se desviar 200 vezes do caminho da escola, Paulo Alves de Lima naquele ano bombou na primeira série do primário. Pescador, dizia ir à aula, mas rumava para o rio. Para que o filho "não virasse bandido", a mãe decidiu tirá-lo de Olímpia (SP), sua cidade natal, e mandá-lo para Franca (SP), onde ele virou interno num colégio marista. Lá pelo início dos anos 40, Paulo decidiu entrar para a escola de pilotos da Aeronáutica, no Rio. Para tal, falsificou os documentos, dizendo ter 18 anos. Ficou cerca de dois anos na cidade. Aí, veio a São Paulo querendo ser médico, até que topou no colégio Bandeirantes com o professor Abraão de Morais, astrônomo. Apaixonou-se pela física e entrou para o partido comunista. Paulo formou-se pela USP, deu aulas na universidade e depois se transferiu para Atibaia (SP), onde ensinava e militava pelo PCB. A partir de 1963, trabalhou também na UnB, montando o departamento de ensino da física. No ano seguinte, o do golpe, teve de responder a um inquérito por sua atividades. Preso algumas vezes, acabou absolvido. No meio dos anos 60, participou da demissão coletiva de funcionários da UnB em protesto contra a ditadura. Em SP, voltou a dar aulas na USP, onde se aposentou. Em casa, escondeu perseguidos. Só no fim dos anos 80, foi reintegrado à UnB e indenizado. Encerrou a carreira de vez nos anos 90. Adorava caçar com seus cães e se dedicou à apicultura. Ultimamente, teve problemas respiratórios por conta do fumo. Morreu no domingo, aos 86, deixando viúva. Teve seis filhos e seis netos. coluna.obituario@uol.com.br Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: PM eleva presença no campus da USP após morte de aluno Índice | Comunicar Erros |
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