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Pagodeiro vira adepto de som eletrônico
DA REPORTAGEM LOCAL
Parece incrível, mas a polícia
conseguiu transformar pagodeiros em clubbers, algo como
transformar água em vinho,
para montar o grupo que combate o tráfico de ecstasy em festas raves.
É o caso do investigador R.,
que teve de aprender na noite
como se vestir para as festas,
como falar e, o mais importante, tudo sobre música eletrônica -de estilos aos nomes dos
DJs do momento.
Há um ano, depois de ser reformulada, a unidade clubber
vem sendo aperfeiçoada na
prática, em visitas a festas e a
lojas especializadas nesse tipo
de tribo jovem. R., certa vez,
pintou o cabelo com uma tinta
especial, invisível de dia, mas
extremamente apelativa sob as
luzes da pista.
"Não é qualquer um que consegue [se misturar]. Tem de penetrar de tal maneira que as
pessoas perdem as defesas naturais", afirma o delegado
Eduardo Sales Pitta, do SOE.
"Já demonstramos que o policial não tem mais cara de policial", diz.
Um carro do Denarc foi reformado, recebeu som e rodas
especiais para chamar a atenção. Às vezes, Mercedes e
BMW, ou outros carros importados apreendidos em outras
operações, são usados em
ações. Tudo para completar o
disfarce de "riquinho", "estudante" e fascinado por ecstasy.
Os policiais da unidade clubber têm entre 20 e 35 anos, mas
alguns, porém, parecem ter 15.
Todos trabalham à noite, principalmente entre terça e sábado, quando rolam as festas. Os
alvos das blitze são selecionados com os contatos na noite e
pela internet, nos diversos sites
que divulgam raves no interior
e na capital.
Feito o contato com os traficantes, entram em cena os "anjos-da-guarda" -os policiais
da equipe de apoio que ajudarão na prisão.
Risco de apanhar
Às vezes, depois de uma detenção, o policial precisa passar
um tempo fora do circuito de
festas para não ser reconhecido. Isso já aconteceu com R.:
"Estava fazendo uns contatos,
quando o primo de um cara me
reconheceu". Não houve a
compra de ecstasy nem a prisão do suspeito.
Há risco? De apanhar, responde o policial, que já foi
agredido. O traficante costuma
vender a droga rodeado por
mais cinco ou seis conhecidos
por perto, que servem como seguranças.
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