UOL


São Paulo, quarta-feira, 25 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pagodeiro vira adepto de som eletrônico

DA REPORTAGEM LOCAL

Parece incrível, mas a polícia conseguiu transformar pagodeiros em clubbers, algo como transformar água em vinho, para montar o grupo que combate o tráfico de ecstasy em festas raves.
É o caso do investigador R., que teve de aprender na noite como se vestir para as festas, como falar e, o mais importante, tudo sobre música eletrônica -de estilos aos nomes dos DJs do momento.
Há um ano, depois de ser reformulada, a unidade clubber vem sendo aperfeiçoada na prática, em visitas a festas e a lojas especializadas nesse tipo de tribo jovem. R., certa vez, pintou o cabelo com uma tinta especial, invisível de dia, mas extremamente apelativa sob as luzes da pista.
"Não é qualquer um que consegue [se misturar]. Tem de penetrar de tal maneira que as pessoas perdem as defesas naturais", afirma o delegado Eduardo Sales Pitta, do SOE. "Já demonstramos que o policial não tem mais cara de policial", diz.
Um carro do Denarc foi reformado, recebeu som e rodas especiais para chamar a atenção. Às vezes, Mercedes e BMW, ou outros carros importados apreendidos em outras operações, são usados em ações. Tudo para completar o disfarce de "riquinho", "estudante" e fascinado por ecstasy.
Os policiais da unidade clubber têm entre 20 e 35 anos, mas alguns, porém, parecem ter 15. Todos trabalham à noite, principalmente entre terça e sábado, quando rolam as festas. Os alvos das blitze são selecionados com os contatos na noite e pela internet, nos diversos sites que divulgam raves no interior e na capital.
Feito o contato com os traficantes, entram em cena os "anjos-da-guarda" -os policiais da equipe de apoio que ajudarão na prisão.

Risco de apanhar
Às vezes, depois de uma detenção, o policial precisa passar um tempo fora do circuito de festas para não ser reconhecido. Isso já aconteceu com R.: "Estava fazendo uns contatos, quando o primo de um cara me reconheceu". Não houve a compra de ecstasy nem a prisão do suspeito.
Há risco? De apanhar, responde o policial, que já foi agredido. O traficante costuma vender a droga rodeado por mais cinco ou seis conhecidos por perto, que servem como seguranças.


Texto Anterior: 7,7 milhões já usaram ecstasy
Próximo Texto: Reabilitação: Centro já atendeu 1.275 pessoas em SP
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.