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São Paulo, quarta-feira, 25 de junho de 2003

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PRAIA DE RAMOS

Governadora assina convênio, de R$ 3,9 milhões, para a manutenção do local, que não era limpo desde novembro

Rio tenta recuperar "glamour" de piscinão

MAURÍCIO THUSWOHL
DA SUCURSAL DO RIO

Vedete do verão de 2002, quando chegou a virar cenário da novela "O Clone", da TV Globo, o Piscinão de Ramos ficou sem manutenção, perdeu o glamour e caiu no ostracismo. O público de 40 mil pessoas por fim de semana caiu pela metade no verão deste ano e, agora, não passa de 2.000 pessoas, de acordo com a administração do Parque Ambiental da Praia de Ramos.
Desde fevereiro, quando acabou o convênio entre o Estado e a Petrobras e o parque deixou de ser administrado pela ONG Viva Rio, o lago artificial de água salgada, construído em frente à praia de Ramos, na baía de Guanabara, foi praticamente abandonado.
Antes esvaziado a cada três meses, para a retirada do lodo e da sujeira que se acumulam no fundo, o piscinão estava desde novembro sem passar por uma limpeza completa. Só voltou a ser esvaziado na última quinta, quando dez bombas de sucção retiraram seus 24 milhões de litros de água.
Para tentar reabilitá-lo, a governadora Rosinha Matheus (PSB) e o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, assinaram ontem um novo convênio, no valor de R$ 3.896.675,70, destinados à manutenção do piscinão pelos próximos 24 meses. Parte dos recursos (R$ 204.243.76) será para a contratação de uma ONG ou empresa especializada, que vai elaborar um projeto de sustentabilidade para o parque. Segundo a Folha apurou, o convênio deve ser firmado com a ONG Terra Nova.
Ontem, 36 pessoas contratadas entre os moradores da favela Roquette Pinto, vizinha ao parque, faziam trabalho de varredura nas areias. Nos próximos dias, serão trocados 500 metros cúbicos de areia e toda a bacia sofrerá aplicação de cloro. O piscinão deve ser reaberto no dia 5 de julho.
Concluído em dezembro de 2001, o piscinão foi construído com recursos do Termo de Ajustamento de Conduta assinado pela Petrobras após o derramamento de 1,29 milhão de litros de óleo na baía, em janeiro daquele ano.
A obra, que, segundo o governo, consumiu R$ 18.426.860,03, é objeto de ação do Ministério Público Estadual, por suposta improbidade administrativa. Segundo o promotor Cláudio Henrique da Cruz Viana, a Fundação João Daudt -ONG contratada para o projeto- deixou de comprovar gastos de R$ 5.735.745,51.
O comerciante José Luiz Bispo, 34, espera voltar a vender 80 caixas de cerveja a cada domingo, como nos bons tempos. "Atualmente, se eu vender quatro caixas no domingo, é uma glória."
Já o supervisor do parque, Nélson Geremias, espera que os imóveis na região voltem a ser valorizados. "Em 2002, um ponto comercial ou uma casa eram negociados a R$ 15 mil. Agora, alguns estão pedindo R$ 10 mil ou até mesmo R$ 5.000."
Mesmo sem água, o piscinão é uma opção de lazer para moradores dos bairros próximos. "Moro em Olaria e acho muito chato ir às praias da zona sul ou da Barra da Tijuca. Prefiro vir curtir o piscinão", disse Gilda Gonçalves, 44.


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