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BARBARA GANCIA
Morte transforma Brizola em herói nacional
O extraterrestre que
porventura tenha desembarcado no país nesta semana
corre o risco de interpretar alguns
fatos pela metade.
Se ele foi exposto à propaganda
eleitoral, deve estar com a impressão de que Paulo Maluf é filho ou
neto de algum Paul Getty ou
Henry Ford. A Eucatex já foi uma
senhora empresa. Mas nem que
um dia tivesse sido um colosso como a Standard Oil ou a Ford de
outros tempos seria capaz de gerar dividendos com somas próximas das que surgem nos extratos
das contas supostamente pertencentes a Maluf.
E o que o ET visitante deduziria
das vaias dirigidas a Lula no velório de Leonel Brizola? Aviltante
que foi, a agressão dos brizolistas
ao menos serviu para colocar em
evidência o descompasso do nacionalismo mais primário em relação ao mundo real. Tomara
que o extraterrestre acidental
possa ter percebido que essa visão
delirante é a de uma minoria.
Sobre Leonel de Moura Brizola,
então, o que o ET deve estar pensando? Nos dias que sucederam à
morte do pedetista, pintou-se um
Brizola heróico, que impediu um
golpe sangrento em 1961 e levou
suas convicções até o fim.
Sim, mas será que ninguém vai
contar ao ET sobre o lado incendiário de Brizola? Sobre sua complacência com a bandidagem e
sobre os acordos selados com bicheiros, que estão na raiz da violência que hoje assola o Rio?
Engraçado esse nosso pudor em
face da morte. Em vez de falar
abertamente sobre o atraso que
Brizola representou, optamos por
supervalorizar seu dom para dar
apelidos jocosos aos adversários
ou por enaltecer a construção de
uma arena para desfiles de escolas de samba.
Por falar em samba, quem espera ver ginga com bola no filme
"Pelé Eterno", que estréia hoje
nos cinemas, deve ir preparado.
As imagens dos gols são emocionantes, o lencinho que levei por
precaução saiu encharcado do
auditório do Palácio dos Bandeirantes, onde assisti à "avant-première". Mas receio que o filme
não vá comover a geração "Matrix". Os gols do rei são intercalados por imagens de Pelé e família
sentados em um sofá emitindo
frases ensaiadas. O tom é o de
uma aula de OSPB e a apresentação das imagens está mais para
Primo Carbonari do que para o
Canal 100 de Carlos Niemeyer. A
história é contada de forma cronológica, o que torna o final arrastado. A ponto de meu sobrinho, um santista roxo de 12 anos,
passar a última meia hora de filme perguntando: "Falta muito
para acabar, tia?".
QUALQUER NOTA
Iluminação
Quando perguntaram à humorista Ellen de Generes o que fará
com a réplica da tocha olímpica
que levou por participar do revezamento, ela disparou: "Vou
usar para fazer cooper à noite".
Tempo na badalação
Parreira pode ter errado ao colocar a boa forma de Ronaldo
nas mãos da Cicarelli. Mas
quem prestou atenção ao comentário percebeu um puxão
de orelha nas entrelinhas.
Ele veio na torcida do técnico
para que o jogador "volte a dormir cedo".
Cadê meu picolé?
Eu não disse que o texto da carta ao banco suíço não tinha sido
redigido pelo punho de Maluf?
E-mail - barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia
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