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OPERAÇÃO LINCE
Baltazar afirma que fez "as consultas de praxe"
Chefe da PF de SP diz estar tranqüilo depois de prisões de subordinados
IURI DANTAS
EM SÃO PAULO
Ex-coordenador de segurança
do então candidato Luiz Inácio
Lula da Silva à Presidência e adepto de frases como "quem anda direito tem direitos", o superintendente da Polícia Federal em São
Paulo, Francisco Baltazar da Silva,
afirmou ontem ter a "consciência
tranqüila" sobre a prisão de funcionários seus por corrupção e
outros crimes.
Anteontem, durante a Operação Lince desencadeada pela PF,
foram presas seis pessoas em Ribeirão Preto, incluindo dois delegados -um deles chefe do escritório da PF na cidade- e um
agente federal. Eles são acusados
de ligação com esquemas de roubo de carga e adulteração de combustíveis.
Em entrevista à Folha, Baltazar
afirma que fez "as consultas de
praxe" sobre os policiais nomeados por ele para cargos de confiança que foram presos pela PF.
Ele também nega ter sido escanteado pela direção-geral da PF nas
ações desencadeadas em São Paulo -Anaconda e Shogun, quando
também ocorreram prisões de
policiais federais. Leia os trechos
da entrevista:
Folha - A PF já prendeu diversas
pessoas que o sr. nomeou. O sr. está confortável no cargo?
Francisco Baltazar da Silva - Tenho a consciência tranqüila. A PF
passa por um processo de depuração que é salutar. Não quero
prejulgar absolvendo ou condenando quem quer que seja, até
porque está tudo sub judice. Se o
colega estava trilhando o caminho certo e desviou do caminho,
o problema é dele. Cada um de
nós é responsável. Nomeei sim,
mas fiz as consultas de praxe.
Folha - O sr. se sente sob suspeita? Teme ser preso?
Baltazar - Não. Na operação em
que se prendeu o Law Kim Chong
[contrabandista que teria subornado cerca de 200 pessoas, entre
elas policiais federais], falou-se
que a PF de São Paulo está sob
suspeita. O Law existe não é de fevereiro do ano passado para cá,
não só esse Law como muitos outros Laws. Eu sei o que eu faço,
não estou brincando. É óbvio que,
se sei que alguém está envolvido,
não vou convidar para um cargo.
Mas é lógico que é difícil.
Folha - A relação do sr. com a direção em Brasília fica prejudicada?
Baltazar -A Folha diz que fui alijado das megaoperações. Isso é
mentira. Aquele telefone branco
meu é criptografado, linha direta
com Brasília. Houve um troço
pontual na Operação Anaconda
[quando a PF desbaratou uma
quadrilha que vendia sentenças e
prendeu dois delegados da PF]?
Houve. Foi sanado? Foi sanado. A
vida continua. É óbvio que a gente
sabe das operações. A gente tem o
perfil dos colegas, sabe quando o
cara é meio esquisito.
Folha - O sr. chegou a prometer
que em dez dias derrubaria o diretor-geral Paulo Lacerda durante a
Anaconda, tamanha era sua queixa.
O diálogo foi restabelecido?
Baltazar -Só restaria algo pessoal
se eu fosse muito ignorante. Foi
pontual, mas recebeu uma dimensão grande. Não sou indisciplinado, respeito hierarquia, vou
fazer 32 anos aqui. E a PF é o que é
baseada em hierarquia e disciplina. Mas, baseado na hierarquia e
disciplina, não quer dizer que eu,
como subordinado, não possa
contestar, não possa discutir uma
posição, ter outra opinião.
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