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Cheia no AM faz rio Negro atingir nível recorde de 1953
Águas chegaram a 29 m, quando nível normal nesta época do ano seria de 27 m
Alerta sobre enchente inédita foi feito por órgão do governo em março; 18 mil sofreram danos e há 29 famílias desabrigadas
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
O rio Negro atingiu ontem a
marca de 29,69 metros, que se
iguala ao nível mais alto da história de cheias em Manaus, de
1953. As águas, porém, continuam subindo, segundo o Serviço Geológico do Brasil, órgão
federal que acompanha a hidrologia da bacia amazônica.
Desde março, o órgão vem fazendo alertas sobre a possibilidade de uma enchente inédita.
O nível das águas não deve
baixar rapidamente e a população de Manaus deve sofrer com
inundações até agosto, de acordo com Marco Antônio Oliveira, superintendente regional
do Serviço Geológico do Brasil.
As águas paradas estão poluídas e favorecem a disseminação de doenças como leptospirose e hepatite. Dezoito mil
pessoas sofreram danos pelas
cheias na cidade. No momento,
há 29 famílias desabrigadas.
Os igarapés (braços) do rio
Negro que cortam a cidade
inundaram mais de 4.000 casas
de 18 bairros. Dos 62 municípios do Amazonas, 58 já decretaram situação de emergência
devido às cheias.
"É uma cheia excepcional, diferente de todas, porque, no final de junho, o rio Negro tinha
tendência de parar e sofreu um
repique [subida elevada] de 4
cm, que nunca aconteceu antes", disse Oliveira.
São as chuvas que determinam o regime da cheia e vazante nos rios da Amazônia. Fortes
chuvas na nascente do rio Solimões, no Peru, e precipitações
atípicas neste mês em Manaus
resultaram nesta cheia anormal, segundo especialistas.
O nível considerado normal
para o rio nesta época do ano
seria de 27,76 metros.
O nível do rio Solimões, que
"represa" as águas do rio Negro
na região de Manaus, também
bateu recorde na estação da cidade de Manacaparu.
O índice histórico alcançado
pelo rio Negro atraiu turistas e
moradores ontem à estação hidroviária do Porto de Manaus,
no centro da cidade, para tirar
fotografias do painel demonstrativo onde consta o número
1953, ano da maior cheia.
A turista gaúcha Eliane Schönhofen, 56, disse que estava assustada com o volume da água.
"Para quem não conhece a
Amazônia, é impressionante."
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