São Paulo, sexta-feira, 25 de junho de 2010

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Sistemas de prevenção em AL e PE são precários

Em Alagoas, radar detectou temporais, mas cidades não têm Defesa Civil

Em Pernambuco, onde municípios têm órgãos de emergência, aviso só chegou após cinco horas porque não havia radar


Ricardo Moraes/Reuters
Socorrista e cão em meio a destruição em Santana do Mundau

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

Alagoas e Pernambuco, os dois Estados do Nordeste que foram devastados pelas águas nas últimas semanas, têm sistemas falhos de prevenção de enchentes.
Alagoas tem radar meteorológico para detectar o risco de chuva forte, mas as cidades mais vulneráveis não têm Defesa Civil. Já os municípios de Pernambuco têm Defesa Civil. O Estado, porém, não tem radar para prever a chegada de tempestades.
No total, ao menos 51 pessoas morreram por conta das chuvas e milhares estão desabrigadas nos dois Estados. Para especialistas, a falta de prevenção aumentou o tamanho da tragédia.
O radar de Alagoas chegou a detectar com oito horas de antecedência o risco de chuva forte na região da Zona da Mata, mas, sem a Defesa Civil, não havia quem iniciasse a retirada imediata de moradores das áreas de risco nem prestasse os primeiros socorros às vítimas.
No caso de Alagoas, sete cidades que estão em situação de calamidade pública não têm Defesa Civil.
Entre elas, Branquinha, Quebrangulo e São José da Laje, locais que há pelo menos dez anos sofrem de forma recorrente com as chuvas nesta época do ano.
Já em Pernambuco, o Estado não tem um radar meteorológico e, portanto, a informação de que uma tempestade se aproximava chegou quatro horas depois do que se tivesse o equipamento.
Só agora, o governador Eduardo Campos (PSB), ex-ministro de Ciência e Tecnologia, anunciou a compra do instrumento, no valor de cerca de R$ 27 milhões.
A situação só não foi mais grave no Estado porque o Laboratório de Meteorologia de Pernambuco, assim que detectou a chegada da chuva, conseguiu acionar rapidamente as Defesas Civis do Estado e municipais.
"Mesmo sem o radar, mas com uma série de dados paralelos em mãos, foi possível perceber que algo anormal estava ocorrendo", diz a meteorologista Francis Lacerda.
Ela admite, porém, que a informação teria sido antecipada com o radar e, consequentemente, a retirada das famílias das áreas de risco teria sido mais rápida.
O governo de Alagoas afirma que, apesar de não haver Defesa Civil em grande parte dos municípios em áreas de risco, há um órgão estadual e, em situações de emergência, os bombeiros são deslocados para fazer a prevenção e socorro das vítimas. E que há voluntários na maioria das cidades atingidas.
Em todo o país, existem poucos sistemas de radares meteorológicos ou de alertas de risco. "Os poucos sistemas que temos não atendem às necessidades de monitoramento e alerta de tempo", afirma a especialista Ana Maria Held, diretora do Instituto de Pesquisas Meteorológicas da Unesp de Bauru.


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