São Paulo, quinta-feira, 25 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Em Goiânia, 32% são hipertensos

ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA

Um terço da população de Goiânia sofre de hipertensão arterial, segundo uma pesquisa realizada pela UFG (Universidade Federal de Goiás) e UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso), com financiamento do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
O estudo mostra que 31,86% dos moradores da capital goiana são hipertensos. Desses, 43,65% estão obesos e 62,33% têm vida sedentária. A pesquisa utilizou uma amostra de 1.739 pessoas, a partir de dados censitários, entre 18 e 74 anos. A maioria (64,9%) formada por mulheres. Foram estabelecidos critérios de medida, como peso, altura e circunferência abdominal ideais.
Numa nova etapa, prevista para ser concluída até o final deste ano, o levantamento abrangerá dados dos municípios de Firminópolis (GO), Cuiabá e Nobres (MT).
Segundo o coordenador-geral da pesquisa, Paulo César Veiga Jardim, professor da faculdade de medicina da UFG, trata-se do primeiro estudo para determinar a prevalência e os fatores de risco da doença no Centro-Oeste.
"O quadro assusta porque mostra um índice alto de fatores de risco para doenças cardiovasculares associados. A única boa notícia é que o tabagismo está diminuindo", disse Jardim.
De acordo com o cardiologista, o quadro de Goiânia, apesar de grave, reflete a situação nacional. "Há poucos dados que tratam do perfil de hipertensão no Brasil."
Foi usado o padrão de normalidade de 140 por 90 (milímetros de mercúrio), reconhecido recentemente pela Organização Mundial da Saúde como ideal. "A maioria dos estudos anteriores considerava como pressão normal 160 por 90, o que pode provocar variações, mas ainda assim a prevalência é alta em Goiânia."
Ele também destaca os aspectos nutricionais, que farão parte de uma tese de doutorado da UFG após a conclusão do levantamento. "Come-se muito sal, bem acima do necessário, e a população está muito gordinha. A taxa de sedentarismo, sobrepeso e obesidade cresce à medida que atinge a faixa de pobreza."
A hipertensão atinge 39,7% da classe C e 14,5% da classe E. Dos que não praticam atividade física, 71,67% são de classe baixa.
Pelos dados, os homens são mais propensos à hipertensão (40,6%) que as mulheres (27,1%). Já os índices de obesidade se concentram no grupo feminino -14,44% contra 12,13%.
Para o coordenador da pesquisa na UFMT e presidente da Associação Brasileira de Cardiologia no Mato Grosso, Luís César Nazário Scalla, a hipertensão arterial é "uma síndrome metabólica".
"Trata-se de uma associação de fatores hormonais e metabólicos associados a intervenções do meio. A facilidade de acesso a alimentos prontos criou hábitos que levaram a um desvio nutricional."
Segundo o Ministério da Saúde, a hipertensão atinge 20% da população adulta no país. As doenças cardiovasculares são a primeira causa de mortes, com 250 mil ocorrências por ano.



Texto Anterior: Médico investigado diz que não vai mais operar
Próximo Texto: Transportes: Protesto vira quebradeira em Maceió
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.