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Em Goiânia, 32% são hipertensos
ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA
Um terço da população de Goiânia sofre de hipertensão arterial,
segundo uma pesquisa realizada
pela UFG (Universidade Federal
de Goiás) e UFMT (Universidade
Federal do Mato Grosso), com financiamento do CNPq (Conselho
Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico).
O estudo mostra que 31,86%
dos moradores da capital goiana
são hipertensos. Desses, 43,65%
estão obesos e 62,33% têm vida
sedentária. A pesquisa utilizou
uma amostra de 1.739 pessoas, a
partir de dados censitários, entre
18 e 74 anos. A maioria (64,9%)
formada por mulheres. Foram estabelecidos critérios de medida,
como peso, altura e circunferência abdominal ideais.
Numa nova etapa, prevista para
ser concluída até o final deste ano,
o levantamento abrangerá dados
dos municípios de Firminópolis
(GO), Cuiabá e Nobres (MT).
Segundo o coordenador-geral
da pesquisa, Paulo César Veiga
Jardim, professor da faculdade de
medicina da UFG, trata-se do primeiro estudo para determinar a
prevalência e os fatores de risco
da doença no Centro-Oeste.
"O quadro assusta porque mostra um índice alto de fatores de
risco para doenças cardiovasculares associados. A única boa notícia é que o tabagismo está diminuindo", disse Jardim.
De acordo com o cardiologista,
o quadro de Goiânia, apesar de
grave, reflete a situação nacional.
"Há poucos dados que tratam do
perfil de hipertensão no Brasil."
Foi usado o padrão de normalidade de 140 por 90 (milímetros de
mercúrio), reconhecido recentemente pela Organização Mundial
da Saúde como ideal. "A maioria
dos estudos anteriores considerava como pressão normal 160 por
90, o que pode provocar variações, mas ainda assim a prevalência é alta em Goiânia."
Ele também destaca os aspectos
nutricionais, que farão parte de
uma tese de doutorado da UFG
após a conclusão do levantamento. "Come-se muito sal, bem acima do necessário, e a população
está muito gordinha. A taxa de sedentarismo, sobrepeso e obesidade cresce à medida que atinge a
faixa de pobreza."
A hipertensão atinge 39,7% da
classe C e 14,5% da classe E. Dos
que não praticam atividade física,
71,67% são de classe baixa.
Pelos dados, os homens são
mais propensos à hipertensão
(40,6%) que as mulheres (27,1%).
Já os índices de obesidade se concentram no grupo feminino
-14,44% contra 12,13%.
Para o coordenador da pesquisa
na UFMT e presidente da Associação Brasileira de Cardiologia
no Mato Grosso, Luís César Nazário Scalla, a hipertensão arterial é
"uma síndrome metabólica".
"Trata-se de uma associação de
fatores hormonais e metabólicos
associados a intervenções do
meio. A facilidade de acesso a alimentos prontos criou hábitos que
levaram a um desvio nutricional."
Segundo o Ministério da Saúde,
a hipertensão atinge 20% da população adulta no país. As doenças cardiovasculares são a primeira causa de mortes, com 250 mil
ocorrências por ano.
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