|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRAGÉDIA EM CONGONHAS/MEDIDAS
Vôos em Congonhas só podem durar até 2 horas
Proibição de vendas valerá até que todos os passageiros com bilhetes consigam viajar
Nova duração significa uma distância de 1.500 a 1.800 km a partir de SP, algo como chegar a Salvador; vôo que se acidentou não seria afetado
EDUARDO SCOLESE
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em mais um dia de caos e
boicote de companhias aéreas e
pilotos a Congonhas, a Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil) determinou que as empresas interrompam a venda de
passagens para vôos que saem
desse aeroporto até que todos
os passageiros com bilhetes nas
mãos consigam embarcar.
Também definiu que os vôos
iniciados ou encerrados em
Congonhas não poderão ter
mais de duas horas de duração
-essa foi a única medida de caráter permanente do pacote
anunciado ontem e deve entrar
em vigor em dois meses.
Os vôos fretados também foram retirados de Congonhas e
deverão ser transferidos para
os aeroportos de Guarulhos, na
Grande São Paulo, ou Viracopos, em Campinas (100 km de
São Paulo).
A suspensão da venda de passagens também foi adotada no
final do ano passado pela agência para evitar o colapso do sistema durante o Réveillon.
Oficialmente, as proibições
valem a partir de hoje, com a
publicação de uma portaria da
Anac no "Diário Oficial" da
União. Mas, ontem, as principais companhias, TAM e Gol, já
paralisaram as vendas.
Segundo o presidente da
agência, Milton Zuanazzi, não
se sabe até quando as proibições serão necessárias. "É difícil dizer de pronto que prazo é
esse. Estamos em alta temporada -hoje no Brasil o mês de
julho tem maior movimento
que dezembro-, com as aeronaves voando em sua plenitude", disse.
Zuanazzi afirmou que a Anac
enviou técnicos para monitorar
as centrais de vendas das companhias. A proibição de venda
de bilhetes, diz ele, pode abranger outro aeroporto do país, caso isso seja necessário.
Pessoal
Na esteira do caos dos últimos dias, a Anac passou a exigir
que tanto a Infraero (a estatal
que administra os aeroportos)
quanto as companhias aéreas
criem salas de crise, para atender e informar passageiros.
Outra decisão da agência foi
cobrar das empresas "pessoal
suficiente para informar os
usuários a respeito de transferências e/ou remanejamentos
de vôos para outros aeroportos,
cancelamentos e atrasos".
As companhias reclamam
que ações como essa exigirão
gastos e que esses custos serão
repassados aos passageiros.
Zuanazzi confirmou essa
previsão, mas disse que os bilhetes aéreos são vendidos em
um cenário de livre mercado e
que o papel da agência reguladora é verificar apenas a ocorrência de "abusos" e "dumping"
(venda por preço abaixo do
custo para prejudicar os concorrentes).
Os passageiros voltaram a
enfrentar transtornos a partir
de sábado, quando uma pane
elétrica suspendeu o funcionamento do Cindacta-4, responsável pela região amazônica.
A situação foi agravada pelos
problemas de Congonhas, cuja
pista principal permanece fechada desde o dia 17, quando
ocorreu o acidente da Airbus-A320 da TAM, matando pelo
menos 199 pessoas.
Ações permanentes
Na semana passada, o Conac
já havia decidido que Congonhas não receberá mais vôos
em conexão, só os chamados
ponto a ponto -com origem ou
destino no aeroporto. Ontem, a
Anac calculou que estes vôos
não poderão durar mais que
duas horas. Essas medidas passam a valer em dois meses.
Segundo o brigadeiro Ramon
Cardoso, do Decea (Departamento de Controle do Espaço
Aéreo), isso significa uma distância de 1.500 a 1.800 km a
partir de Congonhas -algo como chegar apenas até Salvador.
A medida tem o objetivo de
limitar o peso dos aviões que
pousam no aeroporto. Mas,
mesmo que estivesse em vigor
há mais tempo, a regra não impediria o acidente com o Airbus
da TAM que vinha de Porto
Alegre, distante 1.109 km.
Até o acidente, Congonhas
era o principal aeroporto do
país e empresas e governo planejavam a continuidade dessa
situação. A partir daí, o Conac e
a Anac começaram a agir para
esvaziá-lo e levar mais vôos para Guarulhos e Viracopos.
O aeroporto chegou a ter 45
pousos ou decolagens por hora
em março do ano passado, mas
os constantes problemas e as
obras nas pistas de pouso reduziram o número para 33.
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Empresas afirmam apoiar suspensão da venda de passagens Índice
|