São Paulo, quarta-feira, 25 de julho de 2007

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Congonhas tem mais um dia de caos

Infraero anunciou o fechamento do aeroporto para pousos em três ocasiões, devido ao mau tempo

A previsão é de mais chuva hoje em São Paulo; a suspensão das operações provocou cancelamentos e atrasos em cascata no país

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Congonhas parou ontem. De novo. Fechado pela Infraero para pousos três vezes ao longo do dia e boicotado por pilotos e companhias aéreas, o aeroporto ficou sem aviões para decolagens, produzindo um efeito cascata que espalhou atrasos pelos terminais do país.
Segundo a Infraero, os sucessivos fechamentos para pousos -das 6h às 8h50, das 11h05 às 14h e novamente das 15h22 às 17h- decorreram do mau tempo. As partidas da pista auxiliar -a única em operação- estavam liberadas, mas, como os aviões não chegavam, não havia decolagens. À tarde, a TAM suspendeu o check-in.
Como anteontem a TAM orientou seus pilotos a evitar pousos em Congonhas em caso de chuva -medida apoiada pela Associação dos Tripulantes da TAM- e hoje a previsão é de mais chuva em São Paulo, a situação deve se repetir. Também na segunda, a assessoria de imprensa da Gol confirmou ter orientado seus pilotos a evitar o aeroporto.
Ontem à noite, nota da TAM informava sobre o cancelamento e o remanejamento, em razão da chuva, de diversos vôos da companhia marcados para hoje em Congonhas. Segundo a empresa, 36 vôos foram cancelados e outros 25 foram remanejados para o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.
A companhia também solicitou que os passageiros não se dirijam ao aeroporto antes de confirmar seus vôos, uma vez que novos cancelamentos podem ocorrer. O caos em Congonhas também levou a Gol a emitir, ontem, um comunicado em que faz um apelo para que os passageiros não viajem até o dia 30.

Dia chuvoso
Às 13h45 já não havia aeronaves de grande porte no pátio de Congonhas. Apenas aviões bimotores e helicópteros saíam do terminal. Ainda segundo a Infraero, às 18h não havia nenhuma operação no aeroporto. Balanço da estatal divulgado às 19h apontava que, dos 219 vôos previstos ontem para Congonhas, 109 (49,7%) foram cancelados e 22 (10%) tiveram mais de uma hora de atraso.
Os efeitos se espalharam para todo o país. Em Fortaleza, 15 passageiros invadiram um avião da Gol pela manhã. No dia anterior, o vôo deles havia sido cancelado e o grupo ainda esperava ser realocado. A PF interveio para retirar os passageiros, mas não houve confronto. A invasão durou cerca de uma hora.

Vendas suspensas
Em nota no final da tarde de ontem, a TAM informou que suspendeu, ao menos até amanhã, as vendas para vôos com saída e chegada tanto em Congonhas quanto em Guarulhos. Segundo a nota, o objetivo é garantir que os passageiros que tiveram vôos cancelados sejam reacomodados.
A determinação da Anac proibiu a venda de passagens, mas apenas para vôos a partir de Congonhas. A TAM foi a primeira a cumprir a medida, ao colocar aviso em seu sistema de que não existiam vôos disponíveis de Congonhas para o Rio. Gol e Varig continuaram a vender passagens (a mais barata a R$ 289, sem taxas) até o início da noite, com três opções de horários.

Neblina
Choveu ontem em São Paulo. Em Congonhas (zona sul), foram registrados 2,6 mm até as 18h, contra volume de chuva de 44 mm no dia anterior. O motivo do fechamento do aeroporto, segundo a Infraero, foi a neblina, que dava baixa visibilidade aos pilotos. Nos intervalos em que o aeroporto esteve aberto ontem, os pousos foram feitos por instrumentos. Para hoje, a previsão é de mais chuva, com 20 mm de precipitação.
Sete tentativas
O estudante Romário Rodrigues tentava embarcar ontem em Congonhas. Era sua sétima tentativa desde o domingo para voltar ao Rio. Todos os vôos em que tinha tentado embarcar foram cancelados. José Geraldo Romano estava, ontem, em um hotel pago pela companhia aérea. Ele tenta voltar para casa, em Uberlândia (MG) desde domingo. O vôo foi remarcado para segunda e Romano, com a mulher, ficou hospedado num hotel em Guarulhos. O vôo foi remarcado duas vezes, mas ele diz que não arriscaria mais e tentaria voltar de ônibus.


Colaboraram JOHANNA NUBLAT e RAFAEL TARGINO, PAULA LEITE, da Reportagem Local, e a Agência Folha


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