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Congonhas tem mais um dia de caos
Infraero anunciou o fechamento do aeroporto para pousos em três ocasiões, devido ao mau tempo
A previsão é de mais chuva hoje em São Paulo; a suspensão das operações provocou cancelamentos e atrasos em cascata no país
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Congonhas parou ontem. De
novo. Fechado pela Infraero
para pousos três vezes ao longo
do dia e boicotado por pilotos e
companhias aéreas, o aeroporto ficou sem aviões para decolagens, produzindo um efeito
cascata que espalhou atrasos
pelos terminais do país.
Segundo a Infraero, os sucessivos fechamentos para pousos
-das 6h às 8h50, das 11h05 às
14h e novamente das 15h22 às
17h- decorreram do mau tempo. As partidas da pista auxiliar
-a única em operação- estavam liberadas, mas, como os
aviões não chegavam, não havia
decolagens. À tarde, a TAM
suspendeu o check-in.
Como anteontem a TAM
orientou seus pilotos a evitar
pousos em Congonhas em caso
de chuva -medida apoiada pela Associação dos Tripulantes
da TAM- e hoje a previsão é de
mais chuva em São Paulo, a situação deve se repetir.
Também na segunda, a assessoria de imprensa da Gol confirmou ter orientado seus pilotos a evitar o aeroporto.
Ontem à noite, nota da TAM
informava sobre o cancelamento e o remanejamento, em razão da chuva, de diversos vôos
da companhia marcados para
hoje em Congonhas. Segundo a
empresa, 36 vôos foram cancelados e outros 25 foram remanejados para o aeroporto de
Cumbica, em Guarulhos.
A companhia também solicitou que os passageiros não se
dirijam ao aeroporto antes de
confirmar seus vôos, uma vez
que novos cancelamentos podem ocorrer.
O caos em Congonhas também levou a Gol a emitir, ontem, um comunicado em que
faz um apelo para que os passageiros não viajem até o dia 30.
Dia chuvoso
Às 13h45 já não havia aeronaves de grande porte no pátio de
Congonhas. Apenas aviões bimotores e helicópteros saíam
do terminal.
Ainda segundo a Infraero, às
18h não havia nenhuma operação no aeroporto.
Balanço da estatal divulgado
às 19h apontava que, dos 219
vôos previstos ontem para
Congonhas, 109 (49,7%) foram
cancelados e 22 (10%) tiveram
mais de uma hora de atraso.
Os efeitos se espalharam para todo o país. Em Fortaleza, 15
passageiros invadiram um
avião da Gol pela manhã. No
dia anterior, o vôo deles havia
sido cancelado e o grupo ainda
esperava ser realocado.
A PF interveio para retirar os
passageiros, mas não houve
confronto. A invasão durou
cerca de uma hora.
Vendas suspensas
Em nota no final da tarde de
ontem, a TAM informou que
suspendeu, ao menos até amanhã, as vendas para vôos com
saída e chegada tanto em Congonhas quanto em Guarulhos.
Segundo a nota, o objetivo é
garantir que os passageiros que
tiveram vôos cancelados sejam
reacomodados.
A determinação da Anac
proibiu a venda de passagens,
mas apenas para vôos a partir
de Congonhas.
A TAM foi a primeira a cumprir a medida, ao colocar aviso
em seu sistema de que não existiam vôos disponíveis de Congonhas para o Rio. Gol e Varig
continuaram a vender passagens (a mais barata a R$ 289,
sem taxas) até o início da noite,
com três opções de horários.
Neblina
Choveu ontem em São Paulo.
Em Congonhas (zona sul), foram registrados 2,6 mm até as
18h, contra volume de chuva de
44 mm no dia anterior.
O motivo do fechamento do
aeroporto, segundo a Infraero,
foi a neblina, que dava baixa visibilidade aos pilotos.
Nos intervalos em que o aeroporto esteve aberto ontem,
os pousos foram feitos por instrumentos. Para hoje, a previsão é de mais chuva, com 20
mm de precipitação.
Sete tentativas
O estudante Romário Rodrigues tentava embarcar ontem
em Congonhas. Era sua sétima
tentativa desde o domingo para
voltar ao Rio. Todos os vôos em
que tinha tentado embarcar foram cancelados.
José Geraldo Romano estava, ontem, em um hotel pago
pela companhia aérea. Ele tenta voltar para casa, em Uberlândia (MG) desde domingo.
O vôo foi remarcado para segunda e Romano, com a mulher, ficou hospedado num hotel em Guarulhos. O vôo foi remarcado duas vezes, mas ele
diz que não arriscaria mais e
tentaria voltar de ônibus.
Colaboraram JOHANNA NUBLAT e RAFAEL
TARGINO, PAULA LEITE, da Reportagem Local,
e a Agência Folha
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