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Delegado é preso acusado de espionagem
Segundo a PF, policial de SP integra o grupo de Eloy Ferreira e Francesco Maio, tidos como os arapongas mais atuantes no país
De acordo com a investigação da Polícia Federal, os três faziam espionagem para empresários, banqueiros, políticos e até policiais civis
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM BELO HORIZONTE
O delegado da Polícia Civil de
São Paulo Orivaldo Baptista
Sobrinho foi preso temporariamente -por cinco dias- ontem pela Polícia Federal, em
Belo Horizonte, sob a acusação
de integrar uma quadrilha especializada em espionagem.
O grupo, segundo investigações da PF, é liderado pelos detetives particulares Eloy de Lacerda Ferreira e Francesco
Maio Neto, considerados os
arapongas mais atuantes do
país atualmente.
Segundo a PF, os três faziam
espionagem para empresários,
banqueiros, políticos e até mesmo policiais civis.
Sobrinho, Ferreira e Maio
Neto foram indiciados, segundo apurou a Folha, pelos crimes de quebra de segredo de
Justiça, interceptação clandestina de comunicações telefônicas e formação de quadrilha.
O delegado nega as acusações. A Folha não conseguiu
localizar os advogados de Ferreira e Maio Neto.
Ferrari e Mercedes-Benz
Nas buscas feitas pela PF na
casa do araponga Ferreira, no
Pacaembu, na zona oeste de
São Paulo, na semana passada,
foram encontrados uma Ferrari, avaliada em R$ 650 mil, e um
Mercedes-Benz, avaliado em
R$ 100 mil.
Os acusados, de acordo com
as investigações, atendiam de
casos conjugais a questões de
espionagem industrial. Cobravam até R$ 16 mil por 15 dias de
interceptação telefônica, ainda
segundo a PF.
A PF chegou ao grupo ao investigar, com interceptação telefônica autorizada pela Justiça Federal, pessoas envolvidas
no comércio e na exportação de
café suspeitas de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Neto, segundo as investigações, fazia serviços de espionagem para esses empresários e
descobriu que seus clientes estavam sendo monitorados e os
avisou sobre a investigação.
A PF, porém, soube do alerta
feito por Neto aos seus clientes
e, a partir disso, iniciou uma investigação paralela, que culminou na Operação Ferreiro. A
PF interceptou a comunicação
dos arapongas, o que levou ao
pedido de prisão de 17 suspeitos de espionagem.
O inquérito que resultou nas
prisões deles tramita em sigilo
na 4ª Vara Federal de Belo Horizonte. O araponga Ferreira
foi preso na quarta-feira, quando, a exemplo do delegado Sobrinho, se apresentou ao delegado federal Marcílio Miranda
Zocrato para ser interrogado.
Ferreira já responde a outro
processo, também por realizar
escutas telefônicas clandestinas, na 14ª Vara Criminal de
São Paulo.
O delegado e os dois arapongas estão presos na penitenciária Nelson Hungria, na região
metropolitana de Belo Horizonte. Dois outros arapongas
são procurados pela PF. Ao todo, já são 15 os presos por suspeitas de espionagem.
Entre os suspeitos de espionagem também estão pessoas
ligadas a operadoras de telefonia, que facilitavam o trabalho
de interceptação telefônica para os acusados de espionagem.
Os funcionários das operadoras de telefonia são suspeitos
de fornecer, por exemplo, a localização de caixas de telefones
-o que facilita a realização das
interceptações telefônicas
clandestinas.
Nos depoimentos prestados
pelos arapongas presos, eles
alegaram que só trabalham
com autorizações judiciais.
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