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Motos pagarão pedágio em rodovias privatizadas de SP
Cobrança será liberada em estradas que serão concedidas, como a Raposo Tavares
Gestão Serra também estuda permitir cobrança nas vias
já privatizadas; desde 1998, motos passaram de 9,4%
da frota paulista para 17,2%
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo de São Paulo decidiu permitir a cobrança de pedágio de motocicletas nos 1.763
km de rodovias que serão privatizadas até o final do ano
-Raposo Tavares, Marechal
Rondon, Ayrton Senna-Carvalho Pinto e D. Pedro 1º.
Para isso, vai revogar um decreto de maio 1977 que veda a
cobrança de motos. O valor do
pedágio será a metade da tarifa
básica -cobrada de carros.
Os editais dos novos lotes,
que retomarão o programa de
desestatização das rodovias,
vão prever um pedágio de até
R$ 10,79 a cada 100 km de estradas com pista dupla e de
R$ 7,70 nas de pista simples.
A Folha apurou que o governo José Serra (PSDB) estuda
estender a cobrança para veículos de duas rodas nas rodovias já privatizadas. Mas isso
depende de mudanças pontuais nos contratos em vigor.
Ao revogar o decreto, o governo atende a uma reivindicação das concessionárias, que
alegam estar enfrentando aumento dos custos de operação
das rodovias devido ao salto da
frota de motocicletas.
Entre 1998 e fevereiro deste
ano, a participação das motos
na frota total de veículos registrados no Estado de São Paulo
saltou de 9,4% para 17,2%.
Além disso, elas representam
30% dos acidentes com feridos
nas estradas já privatizadas no
Estado, o que exige gastos com
socorro médico e mecânico,
sem pagar nada, como argumentam as concessionárias.
Só a ViaOeste (que administra a Castello Branco e parte da
Raposo Tavares) estima ter
gasto R$ 15,7 milhões no auxílio aos motociclistas em 2007.
Embora a revogação do decreto ainda dependa de ato formal do governador, a proposta
já obteve aval do conselho diretor do PED (Programa Estadual de Desestatização), que é
nomeado por Serra. Com a retomada da privatização, o governo quer arrecadar pelo menos R$ 3,4 bilhões.
Ontem, a Artesp (Agência
Reguladora dos Transportes do
Estado de São Paulo) publicou
a resolução que prevê o pagamento de pedágio pelas motos
e até por bicicletas a motor.
O próximo passo é a publicação do edital de licitação. O secretário dos Transportes, Mauro Arce, pretende assinar os
contratos ainda neste ano.
A ABCR (Associação Brasileira das Concessionárias de
Rodovias), que defende o pedágio para motos, não quis se pronunciar sobre a decisão.
Protesto
Na via Dutra, rodovia federal
privatizada, os motociclistas,
sob protesto, começaram a pagar pedágio no ano passado.
O presidente do Sindmoto
(sindicato dos motociclistas de
São Paulo), Aldemir Martins,
diz que a categoria tem pouca
força para protestar contra o
pedágio nas estradas. "Infelizmente, somos muito desunidos
e desmobilizados. Isso só vai
trazer mais arrecadação para as
concessionárias", diz.
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