São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2008

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Motos pagarão pedágio em rodovias privatizadas de SP

Cobrança será liberada em estradas que serão concedidas, como a Raposo Tavares

Gestão Serra também estuda permitir cobrança nas vias já privatizadas; desde 1998, motos passaram de 9,4% da frota paulista para 17,2%


JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo de São Paulo decidiu permitir a cobrança de pedágio de motocicletas nos 1.763 km de rodovias que serão privatizadas até o final do ano -Raposo Tavares, Marechal Rondon, Ayrton Senna-Carvalho Pinto e D. Pedro 1º.
Para isso, vai revogar um decreto de maio 1977 que veda a cobrança de motos. O valor do pedágio será a metade da tarifa básica -cobrada de carros.
Os editais dos novos lotes, que retomarão o programa de desestatização das rodovias, vão prever um pedágio de até R$ 10,79 a cada 100 km de estradas com pista dupla e de R$ 7,70 nas de pista simples.
A Folha apurou que o governo José Serra (PSDB) estuda estender a cobrança para veículos de duas rodas nas rodovias já privatizadas. Mas isso depende de mudanças pontuais nos contratos em vigor.
Ao revogar o decreto, o governo atende a uma reivindicação das concessionárias, que alegam estar enfrentando aumento dos custos de operação das rodovias devido ao salto da frota de motocicletas.
Entre 1998 e fevereiro deste ano, a participação das motos na frota total de veículos registrados no Estado de São Paulo saltou de 9,4% para 17,2%.
Além disso, elas representam 30% dos acidentes com feridos nas estradas já privatizadas no Estado, o que exige gastos com socorro médico e mecânico, sem pagar nada, como argumentam as concessionárias.
Só a ViaOeste (que administra a Castello Branco e parte da Raposo Tavares) estima ter gasto R$ 15,7 milhões no auxílio aos motociclistas em 2007.
Embora a revogação do decreto ainda dependa de ato formal do governador, a proposta já obteve aval do conselho diretor do PED (Programa Estadual de Desestatização), que é nomeado por Serra. Com a retomada da privatização, o governo quer arrecadar pelo menos R$ 3,4 bilhões.
Ontem, a Artesp (Agência Reguladora dos Transportes do Estado de São Paulo) publicou a resolução que prevê o pagamento de pedágio pelas motos e até por bicicletas a motor.
O próximo passo é a publicação do edital de licitação. O secretário dos Transportes, Mauro Arce, pretende assinar os contratos ainda neste ano.
A ABCR (Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias), que defende o pedágio para motos, não quis se pronunciar sobre a decisão.

Protesto
Na via Dutra, rodovia federal privatizada, os motociclistas, sob protesto, começaram a pagar pedágio no ano passado.
O presidente do Sindmoto (sindicato dos motociclistas de São Paulo), Aldemir Martins, diz que a categoria tem pouca força para protestar contra o pedágio nas estradas. "Infelizmente, somos muito desunidos e desmobilizados. Isso só vai trazer mais arrecadação para as concessionárias", diz.


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