São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2008

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Falhas na segurança dão multa de R$ 2,2 mi a bancos

Punição foi aplicada por comissão que reúne governo e entidades patronais e laborais

Problemas ocorreram no Itaú, Santander, Real, Banco do Brasil, Bradesco, Mercantil, Nossa Caixa e HSBC; valor é excessivo, diz Febraban


LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Oito bancos foram multados em mais de R$ 2,2 milhões devido a falhas no sistema de segurança de agências e postos bancários em todo o país.
As multas foram aplicadas pela CCASP (Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada), formada por órgãos do governo federal (PF, Exército e Instituto de Resseguros do Brasil, o IRB) e por entidades patronais (como a Federação Brasileira de Bancos, a Febraban) e laborais (caso da Contraf, ligada à CUT, a Central Única dos Trabalhadores).
Os bancos multados pela comissão foram: Itaú (R$ 460 mil), Santander (R$ 430 mil), Real (R$ 391 mil), Banco do Brasil (R$ 300 mil), Bradesco (R$ 280 mil), Mercantil (R$ 180 mil), Nossa Caixa (R$ 160 mil) e HSBC (R$ 5.500).
A comissão analisou também na última quarta-feira 423 processos de empresas que prestam segurança em agências e de transporte de valores. O valor de multa dessas empresas é de cerca de R$ 300 mil.
As instituições ainda não foram notificadas -nem a multa publicada no "Diário Oficial"-, mas, quando avisadas, terão dez dias para recorrer. O recurso deverá ser encaminhado primeiro à direção-geral da PF, depois ao Ministério da Justiça -os bancos podem ainda impetrar ações na Justiça.

Outro lado
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) reclamou do valor das multas. "O valor está desproporcional em relação ao motivo", afirmou Pedro Oscar Viotto, diretor setorial de segurança bancária da Febraban.
Ele afirmou que a maior parte das multas diz respeito ao atraso na apresentação ou renovação do plano de segurança, que precisa ser aprovado pela Polícia Federal. Segundo Viotto, todas as instituições bancárias apresentam anualmente mais de 24 mil planos.
O número, contudo, deveria ser maior, pois há no país mais de 32 mil postos bancários, segundo a PF -só até julho deste ano foram criados mais 3.000. Todos precisam apresentar anualmente seus planos de segurança à corporação.
Coordenador da CCASP e responsável na Polícia Federal por controlar a segurança privada no país, o delegado Adelar Anderle diz que a principal infração presente nos processos é o número insuficiente de vigilantes nas agências, seguido pelo descumprimento do plano de segurança e a inoperância do sistema de alarme.
Quanto às empresas de segurança, diz o delegado, os problemas são vigilantes sem curso de reciclagem (ou com a certificação vencida) e o uso de profissionais irregulares, sem a habilitação da Polícia Federal.
"Esse trabalho é importante para melhorar a segurança, já que está aumentando a incidência de assaltos a bancos e roubos de carros com valores."
O secretário-geral da Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Carlos Cordeiro, critica a lógica adotada pelos bancos, segundo ele, de visar o lucro acima de tudo, inclusive na questão da segurança.
"Os bancos querem empurrar os clientes cada vez mais para o auto-atendimento, mas não propiciam segurança adequada", afirma.


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