São Paulo, domingo, 25 de julho de 2010

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ERNA MIRIAM ETZ KAUFMANN
(1914-2010)


O biquíni pioneiro de Miriam

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

A adaptação da alemã Miriam Etz ao Brasil, para onde veio em 1936, foi completa. Sete meses após desembarcar no Rio, teve a primeira filha, e já mostrou que vinha para ficar: o nome escolhido para a menina foi Iracema.
Na casa em que vivia com o marido, o também alemão Hanz Etz, comia-se arroz com feijão. Miriam fazia questão de falar português corretamente e acabou se tornando mais brasileira -e carioca- do que muitos que por aqui nasceram, brinca a família.
Filha de um professor da faculdade de Belas Artes, ela teve de sair da Alemanha com os pais devido à perseguição aos judeus. Foram para a Holanda. De lá, mudou-se para Londres, onde conheceu o marido, pintor como ela. Casaram-se por lá.
Decidiram então vir ao Brasil, onde tinham alguns conhecidos. Estabeleceram-se no Rio e, num belo dia, Miriam quis ir à praia. Vestiu o maiô de duas-peças que ela mesma havia confeccionado e foi para o Arpoador. Causou um tremendo alvoroço.
Criado nos anos 40, com o nome biquíni, a peça só começou a se tornar popular a partir da década de 50 -nos EUA, por exemplo, só foi aceito por volta de 1965.
Imersa em ambiente artístico, Miriam foi estilista e pintora. Convivia com intelectuais em Ipanema e era avançada para sua época.
Nos últimos tempos, morava em Nova Friburgo (RJ). Parou de trabalhar há três anos, quando foi ficando em casa, reclusa.
Viúva há 21 anos, morreu na quarta-feira (14), aos 95, em decorrência da idade avançada. Teve dois filhos, seis netos, e 12 bisnetos.

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