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ERNA MIRIAM ETZ KAUFMANN
(1914-2010)
O biquíni pioneiro de Miriam
ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
A adaptação da alemã Miriam Etz ao Brasil, para onde
veio em 1936, foi completa.
Sete meses após desembarcar no Rio, teve a primeira filha, e já mostrou que vinha
para ficar: o nome escolhido
para a menina foi Iracema.
Na casa em que vivia com
o marido, o também alemão
Hanz Etz, comia-se arroz com
feijão. Miriam fazia questão
de falar português corretamente e acabou se tornando
mais brasileira -e carioca-
do que muitos que por aqui
nasceram, brinca a família.
Filha de um professor da
faculdade de Belas Artes, ela
teve de sair da Alemanha
com os pais devido à perseguição aos judeus. Foram para a Holanda. De lá, mudou-se para Londres, onde conheceu o marido, pintor como
ela. Casaram-se por lá.
Decidiram então vir ao
Brasil, onde tinham alguns
conhecidos. Estabeleceram-se no Rio e, num belo dia, Miriam quis ir à praia. Vestiu o
maiô de duas-peças que ela
mesma havia confeccionado
e foi para o Arpoador. Causou um tremendo alvoroço.
Criado nos anos 40, com o
nome biquíni, a peça só começou a se tornar popular a
partir da década de 50 -nos
EUA, por exemplo, só foi
aceito por volta de 1965.
Imersa em ambiente artístico, Miriam foi estilista e pintora. Convivia com intelectuais em Ipanema e era avançada para sua época.
Nos últimos tempos, morava em Nova Friburgo (RJ).
Parou de trabalhar há três
anos, quando foi ficando em
casa, reclusa.
Viúva há 21 anos, morreu
na quarta-feira (14), aos 95,
em decorrência da idade
avançada. Teve dois filhos,
seis netos, e 12 bisnetos.
coluna.obituario@uol.com.br
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