|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PRESÍDIO SEM LEI
Uma presa foi morta durante o motim iniciado ontem após uma disputa entre duas facções criminosas
Pastoral diz que Suzane é refém em rebelião
CLAUDIA JORDÃO
DO "AGORA"
Cerca de cem presas da Penitenciária Feminina da Capital, em
Santana, zona norte de São Paulo,
iniciaram uma rebelião por volta
do meio-dia de ontem e permaneciam amotinadas com pelo menos oito reféns até o fechamento
desta edição. Uma presa foi morta
pelas detentas. Com 450 vagas, o
presídio tinha 670 presas ontem.
Entre as reféns, segundo a Pastoral Carcerária, está Suzane
Louise von Richthofen, presa
após confessar ter participado do
assassinato dos próprios pais, o
casal Marísia e Manfred von Richthofen, em 31 de outubro de 2002,
quando tinha 19 anos de idade.
O crime foi cometido com a ajuda do namorado dela, Daniel Cravinhos de Paula e Silva, e do irmão
dele Cristian Cravinhos de Paula e
Silva, que agrediram o casal, enquanto dormia, com barras de
ferro. Eles foram acusados de duplo homicídio qualificado por
motivo torpe e meio cruel.
A detenta Quitéria Silva Santos,
36, foi atacada a facadas e pauladas e morreu ao dar entrada na
Santa Casa, no centro da capital.
Onze funcionárias foram feitas
reféns -no entanto, até o início
da noite de ontem, três delas haviam sido libertadas.
O padre Valdir João Silveiro,
coordenador da Pastoral Carcerária, ouviu de duas presas que Suzane havia sido tirada à força da
enfermaria da penitenciária, local
onde ela trabalhava, e levada pelas
presas ao pavilhão 3 ou ao 4, locais onde estavam as rebeladas.
Um advogado de Suzane chegou à portaria do presídio, mas
não obteve autorização para entrar. A Secretaria da Administração Penitenciária não confirmou
a informação da presença de Suzane entre as reféns.
Segundo a secretaria, a rebelião
começou devido a uma briga entre as facções PCC (Primeiro Comando da Capital) e TCC (Terceiro Comando da Capital).
Por ordem da facção, ainda segundo a secretaria e de funcionários do presídio, as integrantes do
PCC teriam a intenção de ""cortar
a cabeça" de duas rivais do TCC.
Durante a rebelião, as duas presas do TCC juradas de morte foram isoladas por funcionários da
penitenciária e, em seguida, levadas para outro presídio, cujo nome não foi divulgado.
As rebeladas reivindicavam o
retorno das duas transferidas em
troca da liberdade das reféns.
Por volta das 18h30 de ontem, as
negociações das rebeladas com
juízes-corregedores foram suspensas e programadas para retornar somente na manhã de hoje.
As reféns passariam a noite em
poder das presas. Não havia informações sobre as condições em
que as reféns estavam.
Morte
Quitéria sofria de problemas
mentais e, segundo funcionários,
falava demais e incomodava as
outras presas à noite. Ela foi morta cerca de uma hora depois do
início da rebelião. As presas queimaram colchões e guaritas.
Em razão da violência da rebelião, 12 presas que estão com seus
bebês foram transferidas para a
Penitenciária Feminina do Butantã às 16h de ontem. Cerca de 40
policiais (incluindo oito mulheres) da tropa de choque entraram
no presídio por volta das 14h, mas
saíram cerca de uma hora depois.
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Cliente teve atrito no início, diz advogado Índice
|