São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 2005

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Medo faz vizinhança evitar janelas

DA SUCURSAL DO RIO

As cenas filmadas pela aposentada se incorporaram ao dia-a-dia dos moradores dos prédios da praça Vereador Rocha Leão, vizinha à ladeira dos Tabajaras.
A vendedora F., 41, que há dois anos comprou um apartamento ali, conta que a vista de sua casa, de frente para a boca-de-fumo, fez com que ela mudasse alguns hábitos. "Evito ficar na janela para, em caso de alguma operação da polícia na favela, os traficantes não pensarem que fui eu quem os denunciou e fazerem algum tipo de retaliação", diz.
Ela conta que o movimento de entra-e-sai de consumidores de drogas na favela é constante a qualquer hora do dia e da noite, assim como a presença de homens e crianças com fuzis e pistolas. Essas cenas, vistas da janela, impressionaram os sobrinhos de sete e nove anos, de Recife, que passaram férias no apartamento. "Eles começaram a desenhar o que viam, inclusive crianças armadas e trocando tiros", conta.
A vendedora diz que ficou apreensiva ao se mudar para o apartamento, mas comemora os dois anos sem balas perdidas ou outros incidentes em sua casa: "As janelas daqui são originais, as mesmas desde a fundação do prédio, há uns 50 anos".
F. lamenta a desvalorização dos imóveis na região. "Dependendo da posição do apartamento, o valor pode cair de 30% a 40% em relação a outros na mesma rua, que fica a poucas quadras da praia de Copacabana."


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