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Cinema também tem as suas vovós-espiãs
DA REPORTAGEM LOCAL
O caso da aposentada de
80 anos que documentava a
ação de traficantes da janela
de seu apartamento no Rio
remete facilmente à trama
de "O Outro Lado da Rua",
filme de Marcos Bernstein
(roteirista de "Central do
Brasil") e Melanie Dimantas,
lançado no Festival de Berlim de 2004. No filme, a atriz
Fernanda Montenegro vive
Regina, uma aposentada de
Copacabana que serve de
"olheira" para a polícia.
"Poxa, que azar que isso
não aconteceu no ano passado, quando o filme foi lançado", brincou Bernstein ao
saber da coincidência com o
filme, que recebeu 20 prêmios, três para o roteiro, inspirado no noticiário carioca.
"Tinha lido casos parecidos nos jornais, o mais famoso era o das vizinhas fofoqueiras do Leblon, que denunciaram jovens traficantes de classe média", diz.
Em "O Outro Lado da
Rua", Regina (Montenegro),
aposentada, 65, investiga para despistar a solidão. Com
binóculo, bisbilhota a vizinhança para a polícia. Ela
não chega a filmar ou fotografar o que "investiga"
-mas denuncia. E, moradora de Copacabana como a
vovó-espiã, Regina também
tem um nome fictício: Branca de Neve. O mesmo vale
para a personagem de Laura
Cardoso, a Patolina, outra
habitante do bairro.
"Que cabeça maravilhosa
tem essa mulher", disse Laura Cardoso ao saber do caso
real. "Mostra que não tem
esse negócio de a terceira
idade não poder se interessar por outras coisas, e como
é saudável sair da rotina."
Em setembro de 2004, o diretor Cláudio Torres, filho
de Fernanda Montenegro,
também viu o enredo de seu
primeiro filme, a comédia
"O Redentor", ser "imitado"
nos jornais cariocas, quando
um prédio da Barra da Tijuca, projetado por Oscar Niemeyer, mas inacabado, foi
invadido por moradores de
uma favela, causando conflitos entre construtores, compradores e invasores.
(EDUARDO SIMÕES)
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