São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA

Polícia de SP registra mais de 50 casos por dia de pessoas ameaçadas por criminosos que dizem fazer parente de refém

Bandidos simulam seqüestro via telefone

VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais de 50 pessoas, de acordo com a Polícia Civil, recebem por dia, em São Paulo, telefonemas em que criminosos simulam estar com algum parente delas seqüestrado. Diante das ameaças, muitas aceitam transferir dinheiro para contas bancárias determinadas pelos bandidos ou fornecem seus dados -como senhas- a eles.
Segundo o Deic (Departamento de Investigação sobre o Crime Organizado), porém, em nenhum dos casos registrados até agora havia de fato alguém seqüestrado. Para aplicar o golpe, os criminosos por vezes usam informações previamente obtidas -como os nomes de parentes- para assustar suas vítimas. Mas é durante o próprio telefonema que a maioria dos dados é obtida e, com eles, a chantagem é realizada.
"Ele [o criminoso] se apresentou como sendo o "tenente Brandão". Disse que havia ocorrido um acidente com a minha irmã e precisava confirmar o nome dela. É nesse momento que você deixa escapar a informação", disse uma vítima do golpe que preferiu não ser identificada. "Em seguida, me falou que não era tenente, que foi fazer um assalto que não dera certo e que estava com a minha irmã como refém", afirmou.
De acordo com a vítima, o bandido passou a exigir a quantia de R$ 3.000 e insistiu para que não desligasse o telefone. "Durante a conversa, passei um bilhete para a minha mulher pedindo que ligasse para a minha irmã. Ela ligou e me disse que minha irmã estava bem. O bandido ouviu e falou que eu tinha descoberto [o golpe], mas que ele tinha meus dados. Aí eu comecei a brigar com ele e acabei não pagando nada", afirmou.
De acordo com o diretor do Deic, Godofredo Bittencourt, as ligações partem de presídios do Rio de Janeiro e por isso não há como a polícia paulista impedi-las. "A orientação que nós damos é para não pagar [o que eles pedem], não atender aos telefonemas. Se voltarem a ligar e for possível identificar o telefone, registrar a ocorrência", disse.
Bittencourt afirmou que ele, pessoalmente, havia atendido 15 pessoas vítimas do golpe apenas ontem. "Vem acontecendo muito todos os dias. São mais de 50 ocorrências diariamente", disse. "Eles são muito violentos ao telefone, sempre procurando criar uma sensação de insegurança."


Texto Anterior: Mortes
Próximo Texto: Promotora denuncia mãe do filho de Romário por deixá-lo visitar traficante
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.