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VIOLÊNCIA
Polícia de SP registra mais de 50 casos por dia de pessoas ameaçadas por criminosos que dizem fazer parente de refém
Bandidos simulam seqüestro via telefone
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais de 50 pessoas, de acordo
com a Polícia Civil, recebem por
dia, em São Paulo, telefonemas
em que criminosos simulam estar
com algum parente delas seqüestrado. Diante das ameaças, muitas aceitam transferir dinheiro para contas bancárias determinadas
pelos bandidos ou fornecem seus
dados -como senhas- a eles.
Segundo o Deic (Departamento
de Investigação sobre o Crime Organizado), porém, em nenhum
dos casos registrados até agora
havia de fato alguém seqüestrado.
Para aplicar o golpe, os criminosos por vezes usam informações
previamente obtidas -como os
nomes de parentes- para assustar suas vítimas. Mas é durante o
próprio telefonema que a maioria
dos dados é obtida e, com eles, a
chantagem é realizada.
"Ele [o criminoso] se apresentou como sendo o "tenente Brandão". Disse que havia ocorrido um
acidente com a minha irmã e precisava confirmar o nome dela. É
nesse momento que você deixa
escapar a informação", disse uma
vítima do golpe que preferiu não
ser identificada. "Em seguida, me
falou que não era tenente, que foi
fazer um assalto que não dera certo e que estava com a minha irmã
como refém", afirmou.
De acordo com a vítima, o bandido passou a exigir a quantia de
R$ 3.000 e insistiu para que não
desligasse o telefone. "Durante a
conversa, passei um bilhete para a
minha mulher pedindo que ligasse para a minha irmã. Ela ligou e
me disse que minha irmã estava
bem. O bandido ouviu e falou que
eu tinha descoberto [o golpe],
mas que ele tinha meus dados. Aí
eu comecei a brigar com ele e acabei não pagando nada", afirmou.
De acordo com o diretor do
Deic, Godofredo Bittencourt, as
ligações partem de presídios do
Rio de Janeiro e por isso não há
como a polícia paulista impedi-las. "A orientação que nós damos
é para não pagar [o que eles pedem], não atender aos telefonemas. Se voltarem a ligar e for possível identificar o telefone, registrar a ocorrência", disse.
Bittencourt afirmou que ele,
pessoalmente, havia atendido 15
pessoas vítimas do golpe apenas
ontem. "Vem acontecendo muito
todos os dias. São mais de 50
ocorrências diariamente", disse.
"Eles são muito violentos ao telefone, sempre procurando criar
uma sensação de insegurança."
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