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ADMINISTRAÇÃO
Medidas em estudo propõem mudanças nos procedimentos da área de fiscalização das subprefeituras
Prefeitura prepara plano anticorrupção
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
A administração José Serra
(PSDB) apresentou ontem as linhas básicas de um projeto anticorrupção que deseja implantar
na Prefeitura de São Paulo.
Os 16 tópicos constam de uma
portaria publicada no "Diário
Oficial" e focam a ação na área de
fiscalização das subprefeituras
-responsável pelos principais
casos de corrupção na cidade.
As propostas dividem-se em
mudanças técnicas e outras de
procedimentos internos.
No primeiro grupo, a administração sugere por exemplo a implantação do "tigrinho", um sistema portátil composto por um
computador, uma câmera digital
e impressora. O material seria
usado pelos fiscais da área de uso
e ocupação do solo.
As informações coletadas na
rua por esses servidores seriam
automaticamente registradas e
arquivadas num sistema de segurança, que pode ser checado e
avaliado por outros funcionários,
dificultando, assim, a ação de servidores corruptos.
As maiores modificações seriam feitas nos procedimentos internos. A começar pela criação da
"porta única", que delegaria ao
subprefeito a responsabilidade
por todos assuntos ligados ao uso
e ocupação do solo.
Relatos de procedimentos administrativos seriam obrigatoriamente veiculados no "Diário Oficial" e no site da prefeitura, dando
transparência ao processo.
Prazos para concessão de licenças e alvarás seriam cobrados, sob
pena de responsabilização funcional. Hoje, a demora no andamento de processos é uma grande fonte de corrupção -na qual o servidor alega que pode acelerar a papelada mediante uma "caixinha".
Seria expedido só um "comunique-se" (instrumento usado, por
exemplo, em obras para pedir
modificações nas plantas), também no "Diário Oficial" e no site
da prefeitura, acabando com a
prática de sucessivas solicitações
para regularizar projetos -fato
que motiva muitas denúncias.
Deverão ser criadas praças de
atendimento para que o contato
dos técnicos das subprefeituras
com o cidadão não se dê mais em
salas fechadas.
Por último, o Executivo quer
criar o Disque-Corrupção, para
receber reclamações e denúncias
sobre práticas lesivas ao interesse
público -resguardando a identidade do munícipe denunciante.
As propostas previstas na portaria serão discutidas a partir da
próxima semana por sete especialistas designados pela prefeitura.
Em 90 dias eles deverão finalizar o
projeto e decidir como será feita
sua implantação.
O secretário das Subprefeituras,
Walter Feldman, diz que esse novo modelo deverá "blindar" a administração de desvios e irregularidades. "Estamos reduzindo as
chances de ocorrerem abordagens indevidas e encaminhamentos não éticos nas subprefeituras."
Relatório da Ouvidoria paulistana aponta 181 denúncias de corrupção na cidade em 2004 -1,7%
do total de ligações ao órgão.
"Ainda é um número alto, mas já
estamos conseguindo reduzir as
irregularidades. Em 2001, foram
669 denúncias (9% das chamadas)", diz Elci Pimenta Freire, ouvidor do município há três anos.
Estatísticas da Ouvidoria mostram que o foco do problema é o
setor de uso e ocupação do solo.
Dos 200 servidores concursados
exonerados em 2004 por irregularidades, metade era dessa área.
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