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Clima seco deixa capital paulista em alerta
Índices também foram baixos em Perus, Vila Prudente, Jaçanã e Campo Limpo; situação continua ruim no interior paulista
Meteorologistas dizem que clima seco desta semana é
inédito; para geógrafos e urbanistas, lagos e áreas
verdes atenuariam efeitos
DO "AGORA"
DA FOLHA ONLINE
DA FOLHA RIBEIRÃO
Itaquera, bairro da zona leste
de São Paulo, registrou ontem
umidade relativa do ar de 17%.
Foi o menor índice na capital
paulista, que está em estado de
alerta. Vila Prudente (zona leste), Perus (zona norte), Jaçanã
(zona norte) e Campo Limpo
(zona sul) também tiveram
umidade do ar inferior a 22%,
segundo com o CGE (Centro de
Gerenciamento de Emergência) da prefeitura.
Quando o nível de umidade
fica entre 12% e 20%, é anunciado estado de alerta e se recomenda evitar atividades físicas
e trabalho ao ar livre. O ideal é
acima de 60%. O clima mais
úmido ontem foi observado em
Santana (zona norte): 42%.
A previsão é que a umidade
do ar na cidade aumente domingo, quando deve chover.
A situação é pior no interior
do Estado. Araraquara (273 km
de SP) registrou taxa de 11,5%,
às 14h, conforme a Defesa Civil
estadual, o que configura estado de emergência -abaixo de
12%. Anteontem, o nível foi
ainda mais baixo: 9%, às 16h.
Em Ribeirão Preto (314 km
de SP), que teve clima muito seco três dias seguidos na semana, a menor taxa ontem foi de
29,4%, às 17h. Na segunda-feira, chegou a 4,8% -o índice, registrado pelo Cptec (Centro de
Previsão de Tempo e Estudos
Climáticos), foi o mais baixo já
medido no país, 4,8%.
Pelos dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), ao menos duas cidades registraram índices que as colocam em estado de alerta. Em
Avaré (262 km de SP), o índice
chegou a 14%. Em Sorocaba
(100 km de SP), foi de 16%.
A umidade do ar continuará
baixa até hoje, informou o instituto. Só haverá melhora no
sábado, quando uma frente fria
chega ao Estado e provoca chuva no sul. A previsão para domingo é de chuva em todo o Estado, quando os índices de umidade do ar devem chegar a 60%.
"Excepcionais"
Os baixos índices de umidade
relativa do ar registrados nesta
semana no Brasil foram qualificados como "excepcionais" e
"inéditos" por climatologistas e
meteorologistas ouvidos pela
Folha. Soluções para amenizar
o problema são a construção de
lagos e espelhos-d'água e a ampliação das áreas verdes.
A umidade baixa é resultado
de uma massa de ar quente
muito forte que se instaurou
em parte do país, impedindo a
entrada de frentes frias.
Segundo o Inmet, este inverno está sendo o mais quente e
seco desde 1938, com temperaturas de 3C a 5C acima da média. Além do recorde de Ribeirão, Campo Grande (MS) registrou anteontem a umidade
mais baixa de todos os tempos
no município, 7%. A OMS (Organização Mundial da Saúde)
considera preocupantes índices abaixo de 30%, que podem
trazer problemas à saúde.
"Neste ano a baixa umidade
se alastrou por Estados como
Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, Pará, São Paulo e Paraná.
Os valores são excepcionalíssimos para essas regiões", disse o
meteorologista Expedito Rebello, do Inmet. De acordo com
ele, no inverno praticamente
não choveu em 90% do Brasil.
Microclima
Geógrafos, urbanistas e meteorologistas defendem a construção de lagos e espelhos-d'água associada à ampliação de
áreas verdes como medidas eficazes para atenuar os efeitos da
baixa umidade e até diminuir a
temperatura das metrópoles.
"Grandes superfícies de
água, como os lagos e espelhos-d'água, funcionam como a brisa
que vem do mar em locais distantes do oceano. O microclima
no entorno do lago é favorecido, as temperaturas diminuem
e a umidade aumenta", disse
Antônio Marengo, do Cptec.
Para o professor de planejamento e urbanismo da USP
Luís Carlos Costa, as cidades
deveriam deixar áreas mais livres para finalidades coletivas.
"O modelo de ocupação das cidades está voltado para o mercado, não há áreas livres para
parques, por exemplo."
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