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Surtos de rubéola afetam 9 Estados e o DF
Crescimento dos casos compromete meta do governo de acabar com a doença; houve 3.296 registros desde junho de 2006
Em 2003, o país assumiu o compromisso de eliminar a rubéola até 2010; governo planeja megacampanha de vacinação no ano que vem
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
Em fase de eliminação desde
2003, a rubéola voltou a registrar surtos em nove Estados e
no Distrito Federal, o que compromete a meta proposta pelo
governo federal para acabar
com a doença no país.
Já foram registrados 3.296
casos da doença desde junho do
ano passado. No Rio de Janeiro,
foram 2.004 ocorrências. Além
do Distrito Federal, há casos
listados ainda em Minas Gerais, no Ceará, no Espírito Santo, no Rio Grande do Sul, na Paraíba, em Goiás, em Santa Catarina e no Paraná.
Homens de 20 a 29 anos são
os principais alvos da doença, já
que houve campanhas do governo direcionadas a mulheres.
De acordo com o Ministério da
Saúde, houve um "acúmulo de
indivíduos não vacinados ao
longo do tempo".
Em 2003, o país assumiu o
compromisso de eliminar a rubéola até 2010. Naquele ano, o
país havia conseguido baixar,
pela primeira vez, o número para menos de mil casos -foram
563. A queda nas estatísticas
prosseguiu até 2005, quando
houve 351 registros.
O ministério emitiu uma nota técnica colocando as secretarias estaduais em estado de
alerta e pedindo a adoção imediata de medidas de controle.
Megacampanha
Para cumprir a promessa de
acabar com a doença após a explosão de casos, o governo federal planeja uma megacampanha para o ano que vem, na qual
espera vacinar 67 milhões de
pessoas. "Nenhum país do
mundo fez uma campanha dessa magnitude", afirma Eduardo
Hage, diretor da Vigilância Epidemiológica do ministério.
Segundo ele, a vacinação será
feita apenas no próximo ano,
pois é preciso uma programação ("é muito difícil vacinar homens") e porque falta vacina.
"Não há uma produção de vacina tríplice viral para toda a população [alvo]. Há indisponibilidade no mercado mundial."
Se a campanha for bem-sucedida, afirmou o diretor da Vigilância Epidemiológica, a meta
do governo federal será cumprida "até antes" de 2010.
Segurança
Por enquanto, o país realiza
apenas bloqueios dos surtos.
Hage calcula que 28 milhões de
pessoas estejam descobertas,
dos quais 20 milhões são homens. Ainda assim, o país deverá estender a campanha do ano
que vem a faixas da população
já vacinadas, "por segurança".
Em razão do Jogos Pan-Americanos, o Rio chegou a vacinar 2,5 milhões de pessoas
para tentar impedir que a
doença se alastrasse. A Secretaria de Estado da Saúde diz que a
meta de bloqueio foi alcançada.
A rubéola é combatida com a
vacina dupla viral (com sarampo) ou com a tríplice viral (que
também inclui a caxumba).
Em 2006, a existência de
uma epidemia de sarampo na
Bahia também fez com que o
país voltasse a registrar mais
casos do que em 2000, quando
ocorreu o último caso autóctone (contraído no país). Não é
possível analisar se há evolução
nos dados de caxumba, porque
ela não é uma doença de notificação obrigatória.
Para Hage, com o sarampo, a
"realidade é diferente", porque
os casos ficaram restritos a dois
municípios baianos. Ele diz que
houve campanhas de seguimento (reforço) com vacina
monovalente (só para sarampo) em alguns anos e, por isso, a
cobertura no país é maior.
Risco
A rubéola é uma doença causada por um vírus, transmitido
por contato direto com a pessoa doente. Entre os sintomas
que aparecem nos pacientes estão febre, manchas avermelhadas na pele, perda de apetite e
dor de cabeça.
Quando há surtos, existe o
risco de ocorrências da síndrome da rubéola congênita em recém-nascidos. A infecção na
gestante pode resultar em
aborto e anomalias congênitas,
como diabetes, catarata, glaucoma e surdez.
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