São Paulo, sábado, 25 de agosto de 2007

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Surtos de rubéola afetam 9 Estados e o DF

Crescimento dos casos compromete meta do governo de acabar com a doença; houve 3.296 registros desde junho de 2006

Em 2003, o país assumiu o compromisso de eliminar a rubéola até 2010; governo planeja megacampanha de vacinação no ano que vem

THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA

Em fase de eliminação desde 2003, a rubéola voltou a registrar surtos em nove Estados e no Distrito Federal, o que compromete a meta proposta pelo governo federal para acabar com a doença no país.
Já foram registrados 3.296 casos da doença desde junho do ano passado. No Rio de Janeiro, foram 2.004 ocorrências. Além do Distrito Federal, há casos listados ainda em Minas Gerais, no Ceará, no Espírito Santo, no Rio Grande do Sul, na Paraíba, em Goiás, em Santa Catarina e no Paraná.
Homens de 20 a 29 anos são os principais alvos da doença, já que houve campanhas do governo direcionadas a mulheres. De acordo com o Ministério da Saúde, houve um "acúmulo de indivíduos não vacinados ao longo do tempo".
Em 2003, o país assumiu o compromisso de eliminar a rubéola até 2010. Naquele ano, o país havia conseguido baixar, pela primeira vez, o número para menos de mil casos -foram 563. A queda nas estatísticas prosseguiu até 2005, quando houve 351 registros.
O ministério emitiu uma nota técnica colocando as secretarias estaduais em estado de alerta e pedindo a adoção imediata de medidas de controle.

Megacampanha
Para cumprir a promessa de acabar com a doença após a explosão de casos, o governo federal planeja uma megacampanha para o ano que vem, na qual espera vacinar 67 milhões de pessoas. "Nenhum país do mundo fez uma campanha dessa magnitude", afirma Eduardo Hage, diretor da Vigilância Epidemiológica do ministério.
Segundo ele, a vacinação será feita apenas no próximo ano, pois é preciso uma programação ("é muito difícil vacinar homens") e porque falta vacina. "Não há uma produção de vacina tríplice viral para toda a população [alvo]. Há indisponibilidade no mercado mundial."
Se a campanha for bem-sucedida, afirmou o diretor da Vigilância Epidemiológica, a meta do governo federal será cumprida "até antes" de 2010.

Segurança
Por enquanto, o país realiza apenas bloqueios dos surtos. Hage calcula que 28 milhões de pessoas estejam descobertas, dos quais 20 milhões são homens. Ainda assim, o país deverá estender a campanha do ano que vem a faixas da população já vacinadas, "por segurança".
Em razão do Jogos Pan-Americanos, o Rio chegou a vacinar 2,5 milhões de pessoas para tentar impedir que a doença se alastrasse. A Secretaria de Estado da Saúde diz que a meta de bloqueio foi alcançada.
A rubéola é combatida com a vacina dupla viral (com sarampo) ou com a tríplice viral (que também inclui a caxumba).
Em 2006, a existência de uma epidemia de sarampo na Bahia também fez com que o país voltasse a registrar mais casos do que em 2000, quando ocorreu o último caso autóctone (contraído no país). Não é possível analisar se há evolução nos dados de caxumba, porque ela não é uma doença de notificação obrigatória.
Para Hage, com o sarampo, a "realidade é diferente", porque os casos ficaram restritos a dois municípios baianos. Ele diz que houve campanhas de seguimento (reforço) com vacina monovalente (só para sarampo) em alguns anos e, por isso, a cobertura no país é maior.

Risco
A rubéola é uma doença causada por um vírus, transmitido por contato direto com a pessoa doente. Entre os sintomas que aparecem nos pacientes estão febre, manchas avermelhadas na pele, perda de apetite e dor de cabeça.
Quando há surtos, existe o risco de ocorrências da síndrome da rubéola congênita em recém-nascidos. A infecção na gestante pode resultar em aborto e anomalias congênitas, como diabetes, catarata, glaucoma e surdez.


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