São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 2011

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'Estrebucha', diz policial militar a baleado agonizante

Imagens de vídeo mostram PMs xingando e ameaçando homens feridos após suposto confronto em São Paulo

Autoridades investigam circunstâncias em que material foi gravado e identidade das duas pessoas caídas no chão

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

"Filho da puta, você não morreu ainda? Olha pra cá! Maldito. Não morreu ainda", diz uma das vozes, enquanto a imagem, em "close", mostra a cena forte: um homem pardo, caído, espumando pela boca. Os olhos dele estão paralisados, em choque. As pupilas, dilatadas. A roupa está ensopada de sangue.
Ao fundo, é possível ouvir uma comunicação entre carros da polícia e os nomes Copom (Central de Operações da Polícia Militar) e Rota, grupo especial da PM paulista. Há um veículo Astra, de cor azul, com as portas abertas.
"Estrebucha! Filho da puta", diz uma outra voz.
Há um segundo homem estendido no chão. Ele está de bruços, algemado e chora.
"Tomara que morra a caminho [do hospital]. Não vai morrer, não?", diz, com ar de deboche, um outro PM.
As cenas estão gravadas em um vídeo tornado público ontem pela Folha.com. Elas estão nas mãos da cúpula da Segurança Pública paulista há duas semanas.
Não se sabe ainda quem são os dois homens que aparecem caídos no chão e em qual circustância eles foram feridos. Também não há informações sobre onde e quando as imagens foram feitas.
Há suspeita de que o episódio tenha ocorrido em um município da Grande São Paulo e de que as imagens tenham sido gravadas pelos próprios PMs. Isso porque numa cena de crime como a que aparece no vídeo, apenas policiais têm livre acesso.
Não há registros disponíveis sobre o destino dos dois homens feridos: se estão vivos ou mortos, se foram ou não levados para o hospital ou se estão presos.

RESISTÊNCIAS
Entre janeiro e junho deste ano, 334 pessoas foram mortas por PMs (em serviço ou não) no Estado de São Paulo, de acordo com estatísticas da Secretaria da Segurança Pública. A média diária é de 1,85. Do total, 241 óbitos foram registrados como "resistência seguida de morte" quando o policial militar estava em serviço.
No mesmo período, 25 PMs (em serviço ou não) morreram no Estado.


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