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Morre menina infectada em transfusão
RODRIGO ROSSI
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
A menina I.C.N.S., 11, que foi
contaminada pelo vírus da Aids
no início do ano depois de uma
transfusão de sangue no Hemocentro de Ribeirão, morreu na
noite de anteontem por complicações no quadro de sua doença.
A mãe da menina, I.N., disse ontem que moverá uma ação indenizatória contra o HC (Hospital
das Clínicas) e contra o Estado. O
valor ainda não foi definido. O advogado da família, Hélio Aparecido de Fazzio, disse que vai requisitar a cópia do prontuário médico para dar entrada no processo.
A menina estava internada no
HC de Ribeirão há seis meses. Segundo a mãe, o quadro clínico da
filha, que antes de contrair o HIV
era portadora de paralisa cerebral, piorou depois da contaminação. "Minha filha estava melhorando. Eu a levava comigo para o trabalho, mas, depois que foi
contaminada, precisou ficar internada e minha dedicação a ela
passou a ser exclusiva."
O atestado de óbito de I.C.N.S.
aponta que ela morreu de falência
múltipla dos órgãos, choque séptico, imunodeficiência secundária, pneumonia, insuficiência renal e edema pulmonar agudo.
O HC, por meio de sua assessoria de imprensa, descartou a ligação da morte da menina com a
manifestação do vírus HIV. O
hospital afirma que a paciente
morreu em decorrência de uma
infecção generalizada. A mãe diz
acreditar que o HIV acelerou a
morte da filha.
A contaminação de I.C.N.S. foi
confirmada pela direção do Hemocentro em julho. A mãe, que
trouxe a filha do Maranhão para
que ela recebesse um tratamento
que melhorasse o funcionamento
de seus intestinos, disse que a menina passou por nove cirurgias.
Em uma dessas operações ocorreu a transfusão.
O médico Luiz Paulo Faggioni,
do Hemocentro de Ribeirão, disse
que não há como apontar responsáveis pela contaminação da menina quando se trata de um procedimento que apresenta um risco residual permanente, como é o
caso da transfusão.
"Ainda não recebemos nenhum
comunicado, mas o que podemos
fazer é prestar os esclarecimentos
à Justiça sobre os riscos, além de
estar presente em momentos difíceis como esse", disse.
Faggioni afirma que os riscos,
em Ribeirão Preto, de uma transfusão acarretar a contaminação
do paciente ocorre numa proporção de um caso para 300 mil
transfusões. Desde de 1998 o Hemocentro da cidade realizou 320
mil transfusões.
A mãe da menina afirmou que
doará a indenização a uma instituição que cuida de crianças vítimas de doenças graves, caso a Justiça decida responsabilizar o Estado pela morte. Ela também descartou a possibilidade de retornar
logo para o Maranhão. "Não deixarei esta cidade [Ribeirão" antes
de ver justiça", declarou.
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