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São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2003

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DROGAS

Acusado de narcotráfico estava em Sorocaba; em Itu, polícia apreendeu 200 kg de cocaína em avião da quadrilha

Suposto líder do cartel de Cali é preso em SP

Jorge Araújo/Folha Imagem
Carlos Paschoalin, Pierre Delanoy, Mario Jesus Alves da Silva e Juan Carlos Parras (a partir da esq.) com droga apreendida


GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil de São Paulo prendeu ontem o que considera um dos líderes em ascensão do cartel de Cali, na Colômbia. O traficante Juan Carlos Parras Arcila, 36, foi capturado em uma operação do Denarc (Departamento de Investigações Sobre Narcóticos) que apreendeu 200 quilos de cocaína e prendeu três pilotos de avião -um deles combateu na Guerra do Vietnã e seria instrutor de vôo de guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
O piloto franco-canadense Pierre Jacques Hernandes Delanoy, 60, que estava no avião Cessna 210 onde a cocaína foi encontrada ontem, no aeroclube de Itu (103 km de SP), trabalhou no porta-aviões norte-americano Roosevelt e foi instrutor de vôo na Guerra do Vietnã, no final da década de 60.
Com ele estava o piloto brasileiro Mário de Jesus Alves da Silva, 60. Eles foram cercados logo depois que o avião pousou no aeroclube, às 13h30, vindo do Paraguai -a droga foi embarcada na Colômbia, mas o avião ficou três dias no Paraguai até que fosse dada a ordem para descarregá-la em Itu.
Arcila foi preso em um sítio na região de Sorocaba, logo depois de receber o telefonema do irmão, Miguel Antonio -outro suspeito de integrar o cartel, que estava na Colômbia-, informando que a cocaína estava segura e prestes a aterrissar. Segundo o diretor do Deic, Ivaney Cayres de Souza, Arcila e Miguel Antonio são conhecidos como os "gêmeos".
Carlos Alberto Paschoalin, 53, o terceiro piloto a ser preso, estava em um hotel do largo do Arouche, no centro de São Paulo.
A quadrilha foi monitorada por escutas telefônicas nos últimos cinco meses, segundo o delegado Everardo Tanganelli, do Denarc. Nesse período, Arcila estava em São Paulo negociando a venda da droga. Os 200 quilos de cocaína, considerada de alta qualidade, valem cerca de US$ 1 milhão, segundo avaliação dos policiais.

Parceria
Para Tanganelli, as prisões mostram que há uma parceria entre as Farc e o cartel de Cali, organização criminosa da Colômbia para a distribuição de drogas. E o fato de Arcila estar no país, segundo o delegado, também mostra que o cartel está investindo mais no mercado brasileiro.
Segundo a polícia paulista, as investigações revelam que há uma nova rota do tráfico aéreo que inclui escalas no Paraguai, onde as aeronaves ficam até que as transações sejam concluídas e haja segurança para o transporte da droga.
Os quatro presos foram apresentados aos jornalistas ontem à tarde, mas a polícia não permitiu que eles falassem. Segundo a polícia, eles ainda não têm advogado.
Em maio de 2003, parte da quadrilha foi presa em Belém (PA) com um veleiro, que transportaria 400 quilos de cocaína. A droga seguiria do Brasil para a Espanha. Suspeito de ter participado dessa ação, o piloto franco-canadense, que conseguiu escapar, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça Federal brasileira.
Apesar de serem apontados pela polícia como líderes do cartel, os "gêmeos" não aparecem nas listas de procurados da Interpol (polícia internacional) e da Dea (agência nacional antidrogas dos Estados Unidos). Segundo a assessoria da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, isso ocorre porque os dois seriam líderes em ascensão no cartel.


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