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JUVENTUDE ENCARCERADA
Mortes aconteceram em instituição que abriga infratores, durante confronto entre jovens de duas alas
Sete adolescentes são mortos em rebelião no Paraná
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Sete adolescentes morreram em
Piraquara (PR) durante uma rebelião que durou cerca de cinco
horas no educandário São Francisco, que abriga menores infratores. O motim começou na noite
de anteontem e terminou na madrugada de ontem.
Outros seis menores foram feridos sem gravidade. As vítimas foram espancadas com pedaços de
ferro ou cortadas com estoques
(facas improvisadas), e tinham
idades de 16 a 18 anos.
O educandário -que corresponde à Febem de São Paulo- é
controlado pelo governo do Paraná e fica 23 km distante do centro
de Curitiba, próximo do complexo penitenciário do Estado.
Na unidade estavam recolhidos,
até anteontem, 237 adolescentes
infratores de todo o Estado -a
capacidade é para 150 pessoas.
O motim começou às 21h. Um
grupo da ala A ateou fogo em colchões e promoveu um quebra-quebra na mobília. Pedaços de
ferro e aço de armários foram
transformados em ferramentas
para abrir um buraco na parede
que separa esse setor da ala B. Segundo integrantes de uma comissão criada para investigar o caso,
o estopim da rebelião foi a retirada da televisão de um jovem.
Na invasão, seis internos da ala
B foram atacados até a morte. O
outro morto pertencia à ala A.
Os amotinados se entregaram
por volta das 2h de ontem aos
educadores (seguranças treinados) da unidade para evitar a invasão do prédio pela Polícia Militar. Em cenas gravadas por um cinegrafista de TV na madrugada,
um dos garotos pediu aos gritos
aos policiais que não invadissem
o local, porque temia ser morto.
Às 12h, havia um juiz de menores, quatro procuradores, dois delegados e dois representantes da
OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil), além das autoridades do
Estado, no educandário fazendo o
levantamento da situação dos
adolescentes e dos estragos.
O secretário do Emprego e Promoção Social, Padre Roque Zimmermann, responsável pelo serviço de reabilitação dos menores infratores, afirmou que as instalações são inadequadas. "Isso aqui é
um caixão de castigo."
Em nota oficial, o Estado tratou
o episódio como "um acerto de
contas entre gangues". O fato de
não ter havido exigências, nem
tentativa de fuga, para o governo,
descaracteriza a definição de rebelião. Outra versão, porém, confirmada por Zimmermann, aponta para uma reação à superlotação
e ao uso da força por parte de alguns dos educadores.
Morreram Jeferson Lima Cirqueira, 18, Oséas Carlos, 16, Tiago
Rodrigues Santos, 17, Daniel
Francisco Gonçalves, 18, Fernando Luiz Graciano, 17, Vanderlei
Aparecido Melo Dalva, 17, e Alexandre dos Reis Carvalho, 18.
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