São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 2006

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Polícia acusa Carla de matar coronel, mas não pedirá prisão

Delegado diz que já existem provas de que a namorada do deputado estadual Ubiratan Guimarães cometeu o crime

Costa Filho afirma que não há necessidade de prender a suspeita porque, segundo ele, não há risco de fuga nem de destruição de provas

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de ter evitado usar a palavra suspeito durante toda a investigação, a polícia paulista agora afirma que tem provas de sobra para indiciar hoje, por homicídio duplamente qualificado, a advogada Carla Cepollina, pela morte de seu namorado, o coronel da reserva da PM e deputado estadual Ubiratan Guimarães. Os policiais, porém, não vão pedir a prisão de Carla à Justiça, apesar de homicídio qualificado ser considerado crime hediondo.
Carla vai ser indiciada (acusação formal na fase de inquérito policial) por homicídio doloso com duas qualificadoras -motivo fútil (ciúmes) e recurso que impossibilitou a defesa da vítima-, segundo Armando de Oliveira Costa Filho, delegado divisionário do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).
"O DHPP formalmente tem a Carla como autora do homicídio", afirmou Costa Filho ontem. É a primeira vez que a polícia admite oficialmente que Carla é a principal suspeita pela morte do coronel, ocorrida no último dia 9. Ela sempre foi tratada como testemunha.
O delegado disse que o indiciamento vai ocorrer após um interrogatório, marcado para as 10h de hoje. Mas, segundo ele, a polícia não cogita, por enquanto, pedir a prisão de Carla, que deve responder ao processo em liberdade.
"Não se cogita [pedir a prisão]. Existem outras questões que nos preocupam mais", disse o delegado. Segundo ele, um pedido de prisão preventiva tem pré-requisitos -possibilidade de fuga, coação de testemunhas, possível destruição de provas- que ainda não foram identificados.
Mesmo com o indiciamento de Carla, o inquérito presidido pelo delegado Marco Antonio Olivatto só deve ser encerrado nos próximos dez dias. Nesse período, devem ser concluídos os laudos feitos pelo IC (Instituto de Criminalística).
Depois da conclusão do inquérito, o caso será encaminhado ao Ministério Público, que deve denunciar Carla à Justiça. Se a denúncia for aceita, ela será processada.
Segundo Costa Filho, a polícia tem várias provas da autoria do assassinato. Além de o fato de Carla ser a única pessoa a ter sido vista saindo do apartamento de Ubiratan no dia do crime, as perícias também se tornaram indícios contra ela, de acordo com o delegado.
O teste acústico feito no prédio de Ubiratan, que mostrou que o tiro que matou o coronel poderia ser ouvido por moradores, é citado por Costa Filho como uma das provas importantes. Os tiros dados pelos policiais provocaram ruídos de cerca de 140 decibéis no apartamento de Ubiratan, 85 decibéis na moradia ao lado e 75 decibéis no apartamento de baixo.
"Os testes mostraram que as testemunhas que afirmam ter ouvido o disparo tinham condições acústicas para isso", disse o deputado federal Vicente Cascione, advogado da família de Ubiratan. "A polícia oficializou com o indiciamento o que eu falava há muito tempo."
Em entrevista publicada ontem pela Folha, Carla negou o crime e afirmou que a polícia não tem provas contra ela. A advogada também insinuou que a morte pode ter sido provocada por uma "questão patrimonial", pois Ubiratan transferiu seus bens para o nome dos filhos por causa de uma dívida trabalhista.
Ontem, Liliana Prinzivalli, mãe e advogada de Carla, afirmou que vai tomar "medidas legais" contra o indiciamento, mas disse que ainda não definiu quais serão. Ela também vai nomear um outro advogado para defender a filha.


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