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Polícia acusa Carla de matar coronel, mas não pedirá prisão
Delegado diz que já existem provas de que a namorada do deputado estadual Ubiratan Guimarães cometeu o crime
Costa Filho afirma que não há necessidade de prender a suspeita porque, segundo ele, não há risco de fuga nem de destruição de provas
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de ter evitado usar a
palavra suspeito durante toda a
investigação, a polícia paulista
agora afirma que tem provas de
sobra para indiciar hoje, por
homicídio duplamente qualificado, a advogada Carla Cepollina, pela morte de seu namorado, o coronel da reserva da PM
e deputado estadual Ubiratan
Guimarães. Os policiais, porém, não vão pedir a prisão de
Carla à Justiça, apesar de homicídio qualificado ser considerado crime hediondo.
Carla vai ser indiciada (acusação formal na fase de inquérito policial) por homicídio doloso com duas qualificadoras
-motivo fútil (ciúmes) e recurso que impossibilitou a defesa
da vítima-, segundo Armando
de Oliveira Costa Filho, delegado divisionário do DHPP (Departamento de Homicídios e
Proteção à Pessoa).
"O DHPP formalmente tem a
Carla como autora do homicídio", afirmou Costa Filho ontem. É a primeira vez que a polícia admite oficialmente que
Carla é a principal suspeita pela
morte do coronel, ocorrida no
último dia 9. Ela sempre foi tratada como testemunha.
O delegado disse que o indiciamento vai ocorrer após um
interrogatório, marcado para
as 10h de hoje. Mas, segundo
ele, a polícia não cogita, por enquanto, pedir a prisão de Carla,
que deve responder ao processo em liberdade.
"Não se cogita [pedir a prisão]. Existem outras questões
que nos preocupam mais", disse o delegado. Segundo ele, um
pedido de prisão preventiva
tem pré-requisitos -possibilidade de fuga, coação de testemunhas, possível destruição de
provas- que ainda não foram
identificados.
Mesmo com o indiciamento
de Carla, o inquérito presidido
pelo delegado Marco Antonio
Olivatto só deve ser encerrado
nos próximos dez dias. Nesse
período, devem ser concluídos
os laudos feitos pelo IC (Instituto de Criminalística).
Depois da conclusão do inquérito, o caso será encaminhado ao Ministério Público,
que deve denunciar Carla à
Justiça. Se a denúncia for aceita, ela será processada.
Segundo Costa Filho, a polícia tem várias provas da autoria
do assassinato. Além de o fato
de Carla ser a única pessoa a ter
sido vista saindo do apartamento de Ubiratan no dia do
crime, as perícias também se
tornaram indícios contra ela,
de acordo com o delegado.
O teste acústico feito no prédio de Ubiratan, que mostrou
que o tiro que matou o coronel
poderia ser ouvido por moradores, é citado por Costa Filho
como uma das provas importantes. Os tiros dados pelos policiais provocaram ruídos de
cerca de 140 decibéis no apartamento de Ubiratan, 85 decibéis
na moradia ao lado e 75 decibéis no apartamento de baixo.
"Os testes mostraram que as
testemunhas que afirmam ter
ouvido o disparo tinham condições acústicas para isso", disse
o deputado federal Vicente
Cascione, advogado da família
de Ubiratan. "A polícia oficializou com o indiciamento o que
eu falava há muito tempo."
Em entrevista publicada ontem pela Folha, Carla negou o
crime e afirmou que a polícia
não tem provas contra ela. A
advogada também insinuou
que a morte pode ter sido provocada por uma "questão patrimonial", pois Ubiratan transferiu seus bens para o nome dos
filhos por causa de uma dívida
trabalhista.
Ontem, Liliana Prinzivalli,
mãe e advogada de Carla, afirmou que vai tomar "medidas
legais" contra o indiciamento,
mas disse que ainda não definiu quais serão. Ela também
vai nomear um outro advogado
para defender a filha.
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