São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2008

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No interior, BO só é feito se vítima for amiga de grevista

DA FOLHA RIBEIRÃO

Alguns moradores de cidades pequenas do interior do Estado estão conseguindo registrar boletins de ocorrência de furtos e perda de documento nas delegacias que aderiram à greve da polícia pelo simples fato de serem amigos dos grevistas -quem não é, não consegue.
É o caso, por exemplo, de Patrocínio Paulista (413 km de São Paulo), cidade que tem cerca de 12 mil habitantes.
"Cidade menor é difícil porque você convive com as pessoas. Quem te procura é seu vizinho. Às vezes, não dá para falar não. E você até faz um beozinho'", afirmou o delegado Manir Salomão, que responde também pela cidade vizinha, Itirapuã.
Um desses casos, disse, foi um BO de furto de documentos, necessário para que a vítima pudesse sustar um cheque. De acordo com o delegado, apesar de ceder em alguns casos aos apelos, na maioria das vezes, as pessoas entendem os motivos da greve e não insistem.
Em Brodowski (19 mil habitantes), um investigador afirmou que a amizade com donos e funcionários de um clube que havia sido furtado foi determinante para o registro do boletim de ocorrência.
"Temos um bom relacionamento com o pessoal do clube e, por isso, quebramos um galho. Assim, eles puderam acionar o seguro também, porque não queremos prejudicar ninguém. No que pudermos ajudar, a gente ajuda", disse o investigador.
Já em Luiz Antônio (10.200 moradores), um boletim de ocorrência de furto de veículo foi registrado. "Ele [dono do veículo] é muito conhecido, porque é um morador antigo da cidade. Aí, registramos a ocorrência para ele poder acionar o seguro e não ficar no prejuízo", disse um escrivão, que não quis se identificar.
Desde o início da greve, policiais civis têm feito apenas ocorrências graves-roubos e homicídios. Em casos de furto ou desaparecimento, a orientação é para que a vítima registre a queixa na internet.
Presidente do Sinpol (sindicato dos policiais civis) na região de Ribeirão, Maria Alzira Corrêa afirmou que a orientação é para registro de casos graves e flagrantes, mas que, na dúvida, o delegado decide o que deve ser feito.


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